8/06/2007

THE SILLY SEASON CHRONICLES ARE BACK


Entre as preferências gastronómicas da Kiduxa Horta ou o carro novo do tipo que parece que namoriscou a Pituxa Pirosetti, que recupera de uma injecção de botox dada por um cocainómano que lhe deixou a carinha laroca numa imitação bem conseguida de goraz morto e congelado, a silly season apresenta outros motivos igualmente interessantes.

Falo por exemplo, do retrato do País que nos é fornecido pelas inúmeras festas que, nesta altura decorrem em milhares de aldeias.

Não me refiro às imitações daquela moça-da-margem-sul-que-se-zangou-com-a- mãe-e-que-canta-aquela-coisa-do-pisca-pisca ou daquele rapaz de Setúbal cujo nome artístico me faz lembrar um brinquedo de noites solitárias.

Refiro-me ao raro encontro das várias realidades sociais que compõem o País. Dos avós, dos pais, dos filhos e dos netos.

Da ruralidade desenhada a escopro na cara dos avós, do traço rural suavizado por anos de subúrbio nos pais, do made in Amadora ou Seixal que caracteriza os filhos e dos netos zara.

É este Portugal, dos avós que ficaram, dos pais que com maior ou menor esforço e em maior ou menor grau triunfaram na cidade, dos filhos encartados mas aflitos, lentamente devorados pelo mundo global que lhes caiu em cima e dos netos que só vêem os avós no habitual almoço de domingo uma vez por mês, do qual saem a correr, entre beijinhos de naftalina e uma nota de 20 euros que se anicha furtiva no bolsinho timberland.

É este Portugal desequilibrado, dos milhões desperdiçados diariamente nas viagens subúrbio/subúrbio, de terra com ar de resignação que se avista da auto-estrada, que se encontra no Verão.

Reequilibrar tudo isto não passa pelo triste e miserável discurso dos comensais instalados.

O mundo rural, as aldeias não precisam das repartições de finanças ou dos hospitais que nunca tiveram nem nunca vão ter.

Precisam de gente e gente precisa de rendimento. É tão simples como isto. Precisa de uma agricultura moderna, de terrenos disponíveis, de uma outra política florestal.

Não me importo de pagar impostos para que o Estado assegure o investimento inicial necessário para que as pessoas vão ou regressem ao campo. Porque uma árvore não é uma pizzaria de subúrbio, demora mais tempo a produzir rendimento. E porque quem tem a lucidez de pegar nas malinhas, deixar o T2 em São Domingos de Rana e ir para uma aldeia a 50 km de qualquer outra coisa, explorar a terra, merece muito mais ser subsidiado que o empresário manhoso da empresa de vão de escada.

Infelizmente, como nas aldeias as pessoas escasseiam e por isso, escasseiam os votos, ninguém demonstra estar efectivamente preocupado com o seu fim.

O problema é que o fim das aldeias é também o prenúncio da deterioração ainda maior da qualidade de vida nos gigantescos subúrbios que se vão (de)formar, emaranhado sem gestão possível.

O fim das aldeias é o princípio do fim da cidade, “as we know it”.

Valha-nos a semaninha em benidorm uma vez por ano.

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