10/31/2007

CURTAS E GROSSAS II

O Sr. Ribau era uma criatura do género Autarca, espécie "modernaço e razoavelmente bem falante", por oposição à espécie "antiquado e balbuciante".

Ficava muito bem no postal laranja legendado como "autarcas que podemos apresentar à sogra alemã sem ficarmos envergonhados".

Não sei quem convenceu o rapaz que podia dar mais do que isso.

É um bocado como aqueles jogadores que brilham no Desportivo das Aves e definham no banco do Benfica.

Cada vez que abre a boca como "porta-voz" do Sr. Menezes, tresanda a sardinha assada e a febras cruzadas com fitness ao fim do dia e um jipe novinho em folha. E aquele ar de pregador de café de bairro, ligeiramente mais esperto que os outros.

Quando é que a ASAE fecha definitivamente a fábrica de onde brotam estes tipos?

CURTAS E GROSSAS I

Não deixa de ser curioso observar aqueles que se mostram surpreendidos com o pequeno expurgo em curso no PCP. Só está surpreendido quem é cínico ou ingénuo. O PC nunca foi, não é, jamais será um partido democrático.

Como já referi diversas vezes, está neste momento dominado por sargentos, sem o mínimo de capacidade, oriundos do sindicalismo.

O facto de o secretário-geral dançar em bailes de subúrbio é apenas e só um elemento folclórico.

10/18/2007

O Português Marsupial

Postos por Nosso Senhor neste cantinho sossegado e catita da Europa, longe do frio que torna os nórdicos criaturas impessoais e alienígenas, desenvolvemos características únicas.
Somos assim uma espécie de marsupiais. Animais meio bizarros, com estranhas apêndices e comportamentos incompreensíveis.
Não só nós somos diferentes, como nos alimentamos de forma diferente.
Por exemplo, muitos de nós continuam a alimentar-se de um apetitoso fruto, a trapaça. Carnudo, suculento, embora de digestão difícil, cuja árvore, a Trapaceira, se espalhou epidemicamente, pelo país, apesar de estar em vias de extinção em certas zonas da Europa.
Novos, velhos, repuxados ou gente sem idade, todos esticam a pequena mas extremamente preênsil mão para a árvore.
criatura curiosa, o homunculus lusitanus!
Mesmo aqueles espécimes que pelo seu porte, peso ou ferocidade, têm uma alimentação rica e variada, não dispensam uma trapaça de vez em quando, de preferência uma peça gorda e luzidia.
Veja-se aqui e aqui.

10/17/2007

PAÍS PEQUENO COM GENTE EM BICOS DOS PÉS

Quando se pergunta porque é que a justiça portuguesa funciona muito mal, a resposta, para além do óbvio alvo que é o poder político, não pode deixar de passar pelos próprios juízes.
Porque não estamos a falar de funcionários subalternos, obrigados a fazer o que o chefe manda, mas, no mínimo, de Quadros Altamente Qualificados, com grande poder de auto-regulação.
Digo isto com a plena consciência que os juízes são mais do que funcionários públicos, mas têm todos os tiques do pior que há no funcionalismo público.
Por isso, não admira que queiram dilacerar e esquartejar o único tribunal em que não mandam.
Sejamos claros. O critério de escolha dos juízes do TC é mais do que discutível, mas isso não significa que se deva extingui-lo.

A voracidade é tanta que o STA é o próximo alvo.

País pequeno cheio de gente em bicos dos pés.

10/16/2007

VAMOS LÁ ENTÃO BRINCAR AOS POLÍTICOS (PARTE I)

Luís Filipe Menezes fez referência à necessidade de uma nova Constituição. Fundamentou tal pretensão no facto de a Constituição em vigor não ser moderna e ter preconceitos ideológicos.
Desde logo qualquer Constituição tem normas com carácter ideológico. Se assim não fosse, seria um rótulo de detergente e não uma Constituição. A qualificação de uma ideia como preconceituosa carece de prova em contrário, isto é, da demonstração que essa ideia assenta em pressupostos falsos, o que manifestamente LFM não fez. Se por acaso o que LFM quis dizer se referia às referências ditas “socialistas”, temos aqui um problema científico e penal complicado: o mais provável é que Michael J. Fox tenha raptado Menezes e apontado o relógio para 1975. Todas as revisões constitucionais (quase todas) foram progressivamente eliminando as referências a um estado socialista. Como se demonstra facilmente, a Assembleia da República pode legislar à vontade sem ter de se preocupar com inconstitucionalidades desde que respeite princípios fundamentais que qualquer país europeu respeita.

De igual modo a ideia de acabar com o Tribunal Constitucional é curiosa. Menezes não chega a defender a extinção da função de garantia, porque sendo um rapaz estouvado, gosta de aparecer na fotografia de curso. Transformar o TC numa secção do STJ é apenas a maneira que arranjou de parecer diferente, de dizer algo de novo, ou de aparentemente novo.

Aparecer com um discurso novo é o grande problema de Menezes.

LFM tinha duas alternativas para se credibilizar: ou assumia de vez que o PSD é na sua essência, bastante parecido com o PS, derivando ambos de uma matriz social-democrata, estando a diferença nas pessoas escolhidas e nas políticas concretas ou então apontava um rumo liberal, com a consequente diminuição do papel do Estado.

Só que nenhuma das duas alternativas serve a LFM. A primeira porque não pode. A segunda porque não quer.

LFM não pode assumir essa afinidade com o PS (embora ela seja evidente, mesmo considerando que as franjas de ambos os partidos são bastante diferentes) porque o passo seguinte é o de perguntar quem são as pessoas que estão com o seu projecto, capazes de fazer a diferença e a resposta tem nomes como Mendes Bota e Zita Seabra.

Também não pode apontar para uma via liberal porque isso iria trair o núcleo duro do PSD. O núcleo duro do PSD é constituído por gente que não quer o Estado fora de nada. Quer o Estado para realizar grandes obras públicas que invariavelmente têm essa sinfonia maravilhosa intitulada “obras a mais”, quer o Estado a assobiar para o lado sempre que esticam as mãozinhas marotas para o saco do pai natal orçamental. Se sempre foi assim, o arrivismo cavaquista sedimentou no PSD essa dependência. Se LFM fosse por aí, caía em 2 tempos. Se LFM tivesse coragem de separar as águas, ia na enxurrada.

Aliás, basta ir ao site da CM de Gaia para constatar como o homem é generoso a alimentar o séquito.

Por isso, LFM diz querer redigir uma nova Constituição, abolir o Tribunal Constitucional e mais meia dúzia de lugares comuns.

Como é que o PSD chegou a isto sem dar por nada é outra questão.
Que evidentemente não vai ser discutida nos próximos tempos.
A COERÊNCIA É UM BICHO QUE MORA NOS ANTÍPODAS (OS ANTÍPODAS FICAM ALI PARA OS LADOS DA CARRAPICHOSA, ASSIM COMO QUEM VAI PARA CAMBALHOTAS DE BAIXO, SÓ QUE SE VIRA. NÃO INTERESSA SE À ESQUERDA OU À DIREITA. VIRA-SE. E PRONTO)

Paulo Rangel


6 de Outubro


16 de Outubro

O MEU LADO NEGRO, CORRIJO O MEU LADO AMARELO ICTERÍCIA

Há um lado em mim, amarelo icterícia, que deseja secretamente que Luís Filipe Menezes seja o próximo PM, de preferência acompanhado, pelo Sr. Ribau, o Sr. Marco António, o Sr. Catatau e que essa onda de esperança traga o Elmer Fudd, o Songoku e o impagável Bocas.
Para que isto chegue rapidamente ao fundo, impluda e obrigue os indígenas a reflectir e a pensar.



Depois levanto-me, bebo um café, fumo um cigarro e sorrio. Se formos mesmo ao fundo, pelo menos gargalhada não faltará.


Vejam este exemplo.

10/12/2007

Era uma vez um rato. Pequenino roedor, com o típico bigode. O rato, talvez por mesquinhez ou talvez por patologia, quis parir uma montanha.

O Sr. Dr. Paulo Rangel bateu palmas.

Resultado: a montanha acabou por parir um rato.

Aguarda-se uma reacção do pressuroso Sr. Rangel.

ÁRVORE GENEALÓGICA DA POLÍTICA PORTUGUESA

Era uma vez uma Senhora, chamada Prudência que se casou com um Senhor, de nome Rigor.
Depois de uma noite mais inspirada, nasceu a CREDIBILIDADE.
Só que o Sr. Rigor, cansado do espírito de minúcia de sua esposa, da sua necessidade de experimentalismo e do tempo que ela levava a atingir o orgasmo, resolveu deitar-se com uma rapariga que constantemente lhe catrapiscava os olhos, empregada do café onde Rigor passava as tardes, chamada Urgência. Algumas horas depois (isto é uma fábula e por isso as minhas personagens podem ter o tempo de gestação que me apetecer) nasceu a DEMAGOGIA.
Lá se foi o Rigor, que posto na rua
Se fez à estrada
Como não quis Prudência nua
Acabou por ficar com…nada
Moral da história: mais vale uma bem dada com prudência que duas ou três com urgência

TRIBOS

Nesse mundo mais ou menos obscuro do sindicalismo, falta fazer o relato, a crónica dos últimos acontecimentos. Não estou a falar apenas do episódio da Covilhã. Estou a falar da guerilha que nos últimos dois anos decorreu no interior dos sindicatos da CGTP.
A história começa mais ou menos, quando o Bloco de Esquerda, que nem sequer compreende os seus militantes, procurou alargar horizontes. Tapado o caminho à direita, a intelligentzia do Bloco entendeu que o melhor caminho para sedimentar e crescer seria ganhar espaço nos sindicatos.
Ora, se há coisa que o PCP não suporta é o Bloco. Se há outra coisa que o PCP não suporta é que lhe ataquem instituições satélites, como são, com maior ou menor autonomia, os sindicatos da CGTP, mesmo quando aparentemente são dirigidos por não-comunistas. Por várias razões. Desde logo porque o PCP precisa dos sindicatos para colocar o seu pessoal político, à medida que vai perdendo espaço no poder autárquico. Mesmo a mais histérica dedicação precisa de alimento e nem a perícia de Filipa Vacondeus consegue transformar os volumosos escritos de Lenine em algo comestível. Depois porque faz parte da linha de actuação do Partido Comunista, linha essa aliás assumida, utilizar todos os instrumentos que a democracia burguesa dispõe para fazer passar a sua palavra e ganhar espaço mediático. Se até agora o PC sempre permitiu e de certa forma promoveu a participação de não-alinhados nos sindicatos, até para aparentar independência, sempre o fez no pressuposto de continuar a deter o poder de facto.
O Bloco tinha a clara intenção de ganhar poder de facto dentro do movimento sindical, o que se tornou intolerável para o PCP. Se de qualquer forma esta tentativa era inaceitável, sendo neste momento o Partido Comunista dominado por um núcleo duro de sindicalistas e operacionais, a coisa ganhou contornos de afronta.
O PCP reagiu violentamente e procurou escorraçar o Bloco dos sindicatos. Só que como o PCP é neste momento dominado por sargentos, aptos para a reacção instantânea e primária, mas incapazes de um pensamento sistemático, a reacção foi desproporcional, mais arruaceira do que o costume e culminou no maior flop da história da CGTP, que foi a greve geral de Maio deste ano. Francisco Louçã, encurralado nas cordas, riu-se de alívio e contentamento.
Resultado: o PCP conseguiu manter o poder quase hegemónico dentro da central sindical, mas à custa de uma perda de credibilidade, de um maior fechamento na sua própria concha e do desentendimento com Carvalho da Silva, que desde há um tempo tem sempre um watchdog atrás de si.
Mário Nogueira, dirigente da FENPROF é mais uma manifestação de força do PCP, a caminho de lado nenhum, aliás já esperada. Os dois polícias na sede local caíram que nem ginjas na estratégia delineada.
No entanto, a poeira não afasta a pergunta: como é que parte (presume-se significativa) de uma classe que supostamente devia ser fundamental numa sociedade, se sente representada por alguém que repudia e combate os fundamentos dessa mesma sociedade e tem como objectivo programático estabelecer uma sociedade sem classes, cujas tentativas deram em coisas tão magníficas como a USSR, a Coreia do Norte ou a China?
Como é que existe um professor, que necessariamente preza a liberdade individual, que se sinta representado por quem entende que a liberdade individual é uma falácia burguesa?
Não há humilhação, despeito ou desconsideração que o justifique.

PS: para os amiguinhos mais distraídos, lembro que no regime que Mário Nogueira defende, não há horários porreiros e negociáveis com o amigo do conselho executivo, dinheirinho extra na formação profissional para mudar de popó “every three years”, explicações a fugir ao IVA e todas aqueles pequenos pecadilhos que nós conhecemos, não é?

PS2: vejam os links, sobretudo os que estão em "classe" e "professor"

CACETEIROS

Não vou fazer grandes comentários sobre o que se terá passado na Covilhã. Tenho uma posição clara sobre a relação da democracia com grupos que não respeitando os seus princípios, sobrevivem exactamente por causa dos princípios democráticos. Devem ter o máximo espaço de liberdade por duas razões óbvias. Primeiro pela estrita aplicação do princípio da liberdade individual. Segundo porque não é com repressão que se alteram ideias e convicções, por muito que a maioria discorde delas ou que não tenham qualquer sustentação fáctica.
Perdoem-me a comparação, mas a actuação dos sindicatos é idêntica à daqueles jogadores de futebol caceteiros e manhosos, que passam a vida a fazer pequenas faltas, apreciações sobre a vida sexual das mães dos adversários, que normalmente são tratados com a indulgência que concedemos aos ineptos.
Responder com cacetadas aos caceteiros não é solução. Até porque, no fundo, ninguém leva o jogo muito a sério, não se marcam golos e no fim do dia vamos todos para casa ver a Sr.ª Clara de Sousa entrevistar o Dr. Portas ou humilhar barítonos de karalhoke.
It’s all entertainment.

10/08/2007

TRATADO DE CARRAPICHANA

A Europa tornou-se numa ruela cheia de burocratas, que produzem coisas tão importantes e decisivas, verdadeiros monumentos jurídicos, capazes de fazer corar Jean Monnet ou Schuman, como por exemplo, o Regulamento CE n.º 1111/2007, que fixa as restituições à exportação do açúcar branco e do açúcar bruto no estado inalterado. Ou esse compêndio de 200 anos da melhor ciência jurídica europeia que é o Regulamento n.º 1019/2007 que proíbe a pesca da bolota nas águas norueguesas da zona CIEM IV pelos navios que arvoram pavilhão da Alemanha. Isto porque os alemães são, como toda a gente sabe, açambarcadores. Mandam-se ao mar e pescam tudo o que lhes aparece. Bolotas, melancias, nozes, eu sei lá.
Por tudo isto devíamos ponderar se vale a pena associar o nome de Lisboa a um tratado que não vai ficar na história nem servir para nada.
Para lhe dar alguma utilidade e visto que Lisboa não precisa de mais publicidade, proponho que seja assinado na Carrapichana, magnífica freguesia do Concelho de Celorico da Beira, com uma história tão portuguesa. Pelo menos teria a visita de alguns milhares de estudantes europeus de direito. E de alguns eurocratas, encantados com a discrição dos autóctones.
A Carrapichana agradece.
E eu também.