9/28/2007

LOS LOCOS




Alguém que não esteja anestesiado pela linguagem do mainstream político, que não encolha os ombros e que não justifique o injustificável com argumentos como "o peso do passado", olha para a indemnização da RTP e pode concluir com toda a legitimidade que somos todos inimputáveis.


Leia-se loucos.

9/27/2007

Uma perguntinha idiota…

Pedro Santana Lopes fez o que devia ter feito. Parabéns. Ponto final parágrafo.
Mas será que ninguém tinha reparado até hoje no constante atropelo pelas mais elementares regras de convivência e respeito pelas pessoas que, diariamente, os MEDIA FAZEM?

9/25/2007

POLITIQUINHA

Para ser sério e rigoroso, não basta a proclamação. É preciso agir e manifestar-se de forma séria.

É por isso que este texto, da autoria de Pinho Cardão não serve. Fica pela rama, sem se atrever a explicar os dados.

Se o seu autor quisesse de facto ser sério e rigoroso teria de referir que para além da inépcia dos governantes, da incompetência dos quadros superiores da administração pública e da ineficiência estrutural do Estado, a significativa fatia do orçamento de estado que não serve para nada mais além de sustentar, por acção ou omissão, uma parte importante da classe média, no seu fausto provinciano. E que esse parasitismo não começou hoje, nem sequer ontem.

Não se trata pois de um artigo de política, nem sequer de politiquice.

É mais de politiquinha.

SUICIDE IS PAINLESS

O texto de José Pacheco Pereira escrito no jornal Público de 22 de Setembro é pungente.

O seu autor há muito que procura aquilo que é logica e estruturalmente impossível, que é a sobrevivência do PSD com a dignidade e a credibilidade que Pacheco Pereira exige.

Como estamos a falar de alguém informado e conhecedor dos meandros, daquela substância viscosa conhecida por "As bases", que compõem 90% do corpo partidário, não se pode falar em "eutanásia negligente".

A extracção do bicho implica a morte do hospedeiro. A permanência leva ao definhar lento e patético.

Para quem, como eu, não é do PSD, mas considera que o mesmo representa uma parte importante da sociedade, o processo não é propriamente doloroso. Mas começa a ser incomodativo.

'Suicide is Painless'
Through early morning fog I see
visions of the things to be
the pains that are withheld for me
I realize and I can see...
[REFRAIN]:
that suicide is painless
It brings on many changes
and I can take or leave it if I please.
I try to find a way to make
all our little joys relate
without that ever-present hate
but now I know that it's too late, and...
[REFRAIN]
The game of life is hard to play
I'm gonna lose it anyway
The losing card I'll someday lay
so this is all I have to say.
[REFRAIN]
The only way to win is cheat
And lay it down before I'm beat
and to another give my seat
for that's the only painless feat.
[REFRAIN]
The sword of time will pierce our skins
It doesn't hurt when it begins
But as it works its way on in
The pain grows stronger...watch it grin, but...
[REFRAIN]
A brave man once requested me
to answer questions that are key
is it to be or not to be
and I replied 'oh why ask me?'
[REFRAIN]
'Cause suicide is painless
it brings on many changes
and I can take or leave it if I please.
...and you can do the same thing if you please.

GENTE CRESCIDA COM A MESADA DO PAPÁ


A Lusoponte, que tem entre os seus accionistas algumas empresas de construção civil, conseguiu um pacto leonino quando construiu a Ponte Vasco da Gama.
Tal deve-se ao facto de o Estado ter uma posição negocial fraca, absolutamente incompatível com os seus “accionistas”, que somos todos nós.
Numa sociedade onde muitos dos accionistas não contribuem com os suprimentos acordados e fogem de todas as obrigações acessórios o resultado é este.
Acresce a isto que a nossa sociedade ainda não percebeu que não pode continuar a ter um objecto tão amplo e tão difuso.
Trocando por miúdos.

O Estado apresenta-se nestas situações numa posição vulnerável porque gere mal as contribuições que alguns de nós fazem o favor de lhe entregar. Financia sobretudo arrivismos sociais de classe média, legítimos aliás, mas injustificáveis.
Ao tentar fazer tudo, nada faz.
Depois, naquilo em que devia ser forte, como neste caso, é uma espécie de insolvente desesperado perante o agiota manhoso.
Do lado de lá está um conjunto de gente grande que nunca deu um passo sem recorrer à mesada do papá.
Era assim quando o papá se chamava Oliveira Salazar e a mesada se apresentava como condicionamento industrial e continua assim, hoje, que o papá responde por outros nomes e usa outras estratégias.

9/20/2007

MANGAS DE ALPACA

Sobre a "revolta" e a "indignação" dos notários, remeto para aqui, via Causa Nossa.

Estou farto de Chicos Espertos.

Ainda por cima despudorados.

9/19/2007

O VASCO

A nossa vida está cheia de Vascos. Provavelmente para compensar o vácuo. Deus, na sua infinita sabedoria (capaz de ganhar aquele concurso televisivo que se chama "A Herança"), brindou-nos com Vascos. Assim, de rajada, lembro-me de vários. O Vasco Granja que me punha a ver aqueles desenhos animados em que um desperdício de oficina auto salvava um bocado de cordel de ser morto por três tampas de sumo assassinas; o companheiro Vasco, protegido por uma muralha de aço (forrada com linóleo e com um "avançado" em plástico por causa da chuva) que tantas coisas boas nos queria deixar; e o Vasco Graça Moura, poeta e glosador-mor da épica obra "Porque somos muito melhores que eles, sendo na essência muito parecidos", que no seu maniqueísmo rasteiro tenta manter de pé a moral das tropas.

Vasco não pára e qual asceta de cordel, não se exime de deificar o mau só para impedir o triunfo do péssimo. Este texto é um belo exemplo. O rigor e a precisão embaraçam as melhores máquinas de tortura que, ao longo da história, fomos conhecendo (algumas demasiado perto).

Agora imaginem que o homem ganha bom senso e volta a utilizar os dons para algo verdadeiramente útil.

CADEIA ALIMENTAR

Uns planam. Bem acima.

Outros planeiam. E vão subindo.

Nós somos planos. Rasos.

Bem juntos ao pó, onde nos divertimos a chafurdar.

No fim, o que de nós fica ligeiramente acima, arrota.

Batemos palmas, porque embora toscos e agrestes, somos educados e reconhecemos a autoridade naquele cujos caninos são mais afiados.
Um dia, provavelmente quando voltarmos a comprar caramelos em badajoz, sentar-nos-emos a carpir as desilusões, em silenciosos exercícios de imperceptíveis auto-mutilações. Roendo compulsivos as unhas, cravando as unhas nas próprias palmas das mãos, ouvindo dentro das nossas cabeças cansadas, o looping do hit "como é que isto nos aconteceu?".
A História, essa disciplina maravilhosa que quase tudo nos explica, explica certamente esta nossa incapacidade de sermos homens e mulheres graúdos e responsáveis. Explicará certamente que a nossa matriz social se compõe de uma dependência do Estado, para o qual ainda por cima não contribuímos, numa espécie de amor/ódio ao pai porque se deita com a mãe e de uma vontade firme, férrea, obstinada de não aceitar a realidade. Explica que fomos tratados como crianças por um beato cobarde e seus acólitos, durante meio século e que não nos conseguimos libertar desse modus vivendi cujo lema é "os direitos para mim e os deveres para os outros".
Explica que todos os políticos, que supostamente deviam ser um exemplo de cidadania e de racionalidade, insistam em prometer manobrar a economia, como se ela não tivesse "vida" própria e mais do que da vontade de qualquer governo, não dependesse sobretudo dos nossos actos e comportamentos diários.
A História explica, mas não resolve.
E assim, enquanto o Estado continuar a comportar-se como um conde sem condado, a quem, por mera cortesia sabichona, deixam brincar no páteo do castelo ocupado, continuaremos a definhar.
Enquanto nós, como colectivo que se manifesta no estado, não percebermos que antes de tudo, o Estado deve arrumar a sua casa, ser subsidiário sem ser subserviente, sancionar aqueles que não cumprem com as regras, seja o "empresário" manhoso que não paga impostos, seja o tipo que abusa da boa fé alheia no seu comportamento social, caminharemos alegremente para o terceiro mundo, olhando da janela o primeiro mesmo aqui ao lado.
O Estado não deve criar emprego. Deve impedir que se crie mau emprego, sem futuro ou justificação social, punindo o fdp que abre e fecha fábricas de sapatos em barracões de zinco.
O Estado não deve interferir na economia, a não ser para dar um valente murro no alto da pinhoqueira de quem interfere ilegitimamente.
Em suma o Estado deve fiscalizar, deve perceber, de uma forma contínua sem provocar claustrofobia, se as pessoas cumprem as suas responsabilidades sociais.
Deve ser a consciência colectiva de um devir desejado, mesmo que os comportamentos individuais não aparentem tal desejo.
Se assim fosse, se o Estado fosse sobretudo um fiscal do espaço em que a nossa liberdade colide com a dos outros, em vez de ser um pai compulsivo e exacerbado, estaríamos bem melhor.
E daí talvez não.
Temos essa característica extraordinária que é a de nos sentirmos extremamente felizes com a nossa própria infelicidade.

ORANGE FREAK SHOW

Não vi o "debate" entre o Sr. Menezes e o Sr. Mendes.
Nem tenho muito mais a dizer sobre "aquilo", sobre aquele freak show cheio de alimárias em que o PSD se tornou.
Apenas lamento, com o pesar de quem, não sendo do PSD, acha que parte do espaço político que representa merecia melhor.
O PSD que depende mais do que todos os outros partidos de uma permanente ligação ao poder, definha.
Estará entregue, a partir de dia 28 a um boy sem brilho ou a um demagogo populista que consegue ser menos avisado que Alberto João.
Como é que se chega a esta decadência e a este nível de irresponsabilidade são perguntas que mais tarde terão de ser respondidas.

9/10/2007

O MUNDO AO CONTRÁRIO

Estas férias permitiram-me, entre outras coisas, confirmar que muita da polémica sobre o fecho de serviços públicos não passa da velha e carunchosa atitude bairrista tão querida dos portugas.

No fundo não está demonstrado que se justifica que a cidade A necessite de um hospital, quando tem um hospital a 15 minutos. Ou do tribunal, ou de Finanças. Simplesmente ninguém quer perder para o vizinho do lado.

Acrescente-se que a maioria do emprego nestas cidades é público ou depende dos serviços públicos, que a desproporção entre dinheiros públicos e população não se consegue explicar pelos "custos da interioridade" e que não por acaso, muitas destas médias cidades estão entre as de maior qualidade de vida.

Muitas sedes de concelho têm menos população que alguns bairros do subúrbio.

De facto existem portugueses de primeira e de segunda. Só que ao contrário do que se afirma, os de segunda não vivem em Idanha-a-Nova, em Belmonte ou em Penamacor. Vivem na Amadora, em Mem Martins ou no Seixal.

ADEUS

Nada como estar de férias, isolado dos media, ligar a televisão e ver Clara de Sousa a "apresentar" um inócuo e enxuto programa de entertenimento intitulado "Família Superstar".

As coisas ficam mais...claras.

Todo o discurso de independência dos jornalistas e restante blábláblá fica a boiar. Mas se puxarmos o autoclismo uma segunda vez, a coisa resolve-se.

Adeus

JERÓNIMO!

Jerónimo de Sousa, o representante do comunismo de rosto humano, mistura de Fred Astaire e Estaline (o que me faz lembrar Alex de Large na Laranja Mecânica de Kubrick), discursou na Festa do Avante!, pedindo uma Acção Nacional contra as políticas do Governo.

Vislumbra-se uma primavera marcelista ou continuamos na União Nacional?