5/08/2007

Uma rapidinha, só para manter o ritmo.

Segunda-feira, 19.50. Faço um intervalo no estudo e ligo a televisão.

Aparece um responsável da Polícia Judiciária, numa intervenção por causa do desaparecimento de uma menina no Algarve.

Entre as perguntas ouve-se uma voz, da jornalista Maria João Ruela, da SIC, questionando se o Acordo de Schengen não facilitara o crime.

Vamos aos factos. À hora daquela intervenção, o único facto era o desaparecimento da menina. Mais nada. Como é habitual, surgiram todas as teorias possíveis e mais algumas. Uma das quais referia que tinha sido um rapto e que o raptor era inglês. Logo, no brilhante raciocínio da ilustre jornalista, não tinha existido controle sobre a entrada do raptor.

Acontece que o Reino Unido nem sequer faz parte do Acordo Schengen. Um pequeno pormenor, claro. Ou seja, pelo menos em teoria o hipotético raptor ficou registado quando entrou no espaço Schengen.

O que a jornalista queria insinuar é que Schengen aumenta o perigo de entrarem em Portugal delinquentes, para gáudio do securitarismo vigente. O que a Maria João não se lembrou, ou pura e simplesmente não sabe é, que muito antes de Schengen já os criminosos entravam, sem qualquer registo em Portugal. E que Schengen permite que eu sente o rabinho no fiat punto da minha santa mãe e vá até ao Tribunal Europeu de Justiça, no Luxemburgo, sem que tenha um polícia espanhol ou francês a olhar para mim com ar grave, a tentar perceber se sou portuga ou marroquino, se pertenço à Alqaeda ou só à grande alface.

Já nem vou falar na questão de se presumir que foi um rapto, feito por um inglês, nem nos mais de 20 minutos que a SIC dedicou hoje ao assunto.

Até pode vir a ser provado que foi um rapto, que quem o praticou é inglês, etc.

Mas daí a considerar que isso se deve a Schengen é inexacto, improvável e retorcido.

Maria João pode ser ruela, mas tem uma cabecinha de auto-estrada, onde o bom senso passa a grande velocidade e não deixa marcas.

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