Certos nomes, rótulos ou alcunhas acabam por definir efectivamente a substância do que anunciam.
Veja-se o exemplo da ESQUERDA PÁ, esse conjunto mais ou menos inorgânico de saudosos do PREC, do calor humano das manifestações, "istas" (maoistas, marxistas e na sua grande maioria chupistas) pseudo-reciclados, grilos falantes de café e tertúlias catitas.
O pá não vem do tique de acabar as frases com o tradicional pá!.
Nada disso.
É uma referência clara e óbvia ao utensílio doméstico.
A pá onde se juntou todo o lixo ideológico varrido pela história, feito de preconceito, ignorância e uma biblioteca com o seu muito peculiar Index Librorum Prohibitorum.
8/19/2008
AND NOW FOR SOMETHING COMPLETELY STUPID
A D. Helena Matos destaca-se pelo rigor, nesse funny new world que é a blogosfera. Pelo rigor, seriedade, isenção e quando está mais inspirada, por uma completa ausência de sentido do ridículo.
BATOTEIROS
Parece que a nação está um bocado deprimida por causa de medalhas. Longe vão os tempos em que quase todos os produtos que consumíamos tinham estampados nas embalagens uma dezena de medalhas (vencedor da medalha de oiro para o melhor óleo vegetal em Bruxelas 1880, Paris 1900, Londres 1930 etc.), reforçando esse mito português condensado no lema "o que é nacional é bom" - até porque não havia mais nada, com excepção de Badajoz, claro. Mas essa é outra história.
As medalhas de hoje são as olímpicas e "a malta" está não só desiludida como até ressentida com as justificações dos "Atletas".
Ora, vamos lá ver as coisas com calma. Nós somos dos melhores do mundo em quase tudo. Desde que em igualdade de circunstâncias com os outros.
No caso vertente, os outros (digamos, os atletas de todos os outros países) não estão em igualdade de circunstâncias com os nossos atletas. Têm vantagens que nem os melhores genes portugas conseguem ultrapassar. Treinaram. Durante anos a fio treinaram afincadamente. Levantavam-se de manhã (05.00) e davam a volta ao bairro, arrastando o desgraçado do cão. Os atletas tugas, levantavam-se um pouco mais tarde e atravessavam a rua, até ao café do bairro, arrastados pelo cão. Os portugueses são os únicos que estão lá pelo desporto. Os outros são profissionais, levam a coisa a sério.
Veja-se por exemplo aquele rapaz dos lançamentos, o Fortes. Raramente lança seja o que for, além das cascas de tremoços na esplanada do café. Tornou-se lançador por mero acaso. Estava no café e lançou uma casca de tremoço para o outro lado da rua, que acertou num senhor que por acaso tinha um primo que conhecia um senhor amigo de uma dirigente da secção de atletismo do Sporting. O rapaz só anda lá por causa do equipamento, por acaso o mais bonito do mundo. Ou o "atleta" que ficou intimidado ao ver tanta gente no estádio. Percebe-se. Está habituado a ver bancadas pré-fabricadas, onde invariavelmente só estão a mãe, o pai, a avó, o cão e a namorada, a puxar, histéricos, por ele.
Para o atleta tuga, todos os outros são criaturas estranhas e psicóticas.
A única excepção chama-se Vanessa. Treina como os outros, diariamente, durante semanas, meses, anos. Está pois em condições de igualdade.
Por isso, meus caros concidadãos, não há que ficar de monco caído.
Nós somos os melhores. Os outros é que fazem batota.
Treinam.
As medalhas de hoje são as olímpicas e "a malta" está não só desiludida como até ressentida com as justificações dos "Atletas".
Ora, vamos lá ver as coisas com calma. Nós somos dos melhores do mundo em quase tudo. Desde que em igualdade de circunstâncias com os outros.
No caso vertente, os outros (digamos, os atletas de todos os outros países) não estão em igualdade de circunstâncias com os nossos atletas. Têm vantagens que nem os melhores genes portugas conseguem ultrapassar. Treinaram. Durante anos a fio treinaram afincadamente. Levantavam-se de manhã (05.00) e davam a volta ao bairro, arrastando o desgraçado do cão. Os atletas tugas, levantavam-se um pouco mais tarde e atravessavam a rua, até ao café do bairro, arrastados pelo cão. Os portugueses são os únicos que estão lá pelo desporto. Os outros são profissionais, levam a coisa a sério.
Veja-se por exemplo aquele rapaz dos lançamentos, o Fortes. Raramente lança seja o que for, além das cascas de tremoços na esplanada do café. Tornou-se lançador por mero acaso. Estava no café e lançou uma casca de tremoço para o outro lado da rua, que acertou num senhor que por acaso tinha um primo que conhecia um senhor amigo de uma dirigente da secção de atletismo do Sporting. O rapaz só anda lá por causa do equipamento, por acaso o mais bonito do mundo. Ou o "atleta" que ficou intimidado ao ver tanta gente no estádio. Percebe-se. Está habituado a ver bancadas pré-fabricadas, onde invariavelmente só estão a mãe, o pai, a avó, o cão e a namorada, a puxar, histéricos, por ele.
Para o atleta tuga, todos os outros são criaturas estranhas e psicóticas.
A única excepção chama-se Vanessa. Treina como os outros, diariamente, durante semanas, meses, anos. Está pois em condições de igualdade.
Por isso, meus caros concidadãos, não há que ficar de monco caído.
Nós somos os melhores. Os outros é que fazem batota.
Treinam.
MAPA JUDICIÁRIO
Não analisei com a mínima atenção o novo Mapa Judiciário. No entanto tenho a certeza que é óptimo.
Para tal convicção foi suficiente a opinião do sr. Cluny. Tenho este modo lapidar, tosco até, de analisar as reformas da justiça. Tudo o que merece a desaprovação do sr. Cluny, com aquele ar de funcionário enfadado, tem o meu imediato e entusiástico apoio.
Cada um é para o que nasce. Estou absolutamente convencido que o sr. Cluny é daquelas criaturas colocadas na terra por Nosso Senhor para nos guiar. Um farol, portanto. Nunca se deve ir por onde vai o sr. Cluny.
Louvado seja.
Amén.
À mãe, ao pai e ao filho também.
Para tal convicção foi suficiente a opinião do sr. Cluny. Tenho este modo lapidar, tosco até, de analisar as reformas da justiça. Tudo o que merece a desaprovação do sr. Cluny, com aquele ar de funcionário enfadado, tem o meu imediato e entusiástico apoio.
Cada um é para o que nasce. Estou absolutamente convencido que o sr. Cluny é daquelas criaturas colocadas na terra por Nosso Senhor para nos guiar. Um farol, portanto. Nunca se deve ir por onde vai o sr. Cluny.
Louvado seja.
Amén.
À mãe, ao pai e ao filho também.
THE SILLY SEASON CHRONICLES
Há 2 semanas, o jornal "Expresso" publicava uma primeira página "metrossexual": Cavaco chateado com Sócrates por causa de Manuela. O artigo propriamente dito era uma imenso nada, feito de boatos, coincidências e mau jornalismo. Insinuava (?!) que o PR poderia vetar o novo Mapa Judiciário.
Afinal, o mapa foi promulgado.
Claro que o Expresso pode sempre alegar que era apenas uma hipótese e esperar que algum dos diplomas referidos no artigo venha a ser vetado, para afirmar retumbante, a sua sagacidade e conhecimento do milieu político, mas não deixa de ser um caso claro de frete político.
Ou se calhar nem isso. Se calhar é apenas e só mau jornalismo de verão.
Felizmente o Expresso é um jornal bojudo e bastante largo, o que dá muito jeito para pôr debaixo da gaiola dos pássaros.
Afinal, o mapa foi promulgado.
Claro que o Expresso pode sempre alegar que era apenas uma hipótese e esperar que algum dos diplomas referidos no artigo venha a ser vetado, para afirmar retumbante, a sua sagacidade e conhecimento do milieu político, mas não deixa de ser um caso claro de frete político.
Ou se calhar nem isso. Se calhar é apenas e só mau jornalismo de verão.
Felizmente o Expresso é um jornal bojudo e bastante largo, o que dá muito jeito para pôr debaixo da gaiola dos pássaros.
8/06/2008
A NÓDOA
O Dr. Vasco Graça Moura foi, nos tempos do cavaquismo, uma espécie de moicano, que pela sua retórica, gerou pequenos ódios.
Note-se que toda a sua capacidade argumentativa nunca conseguiu esconder o rísivel da substância. Que mais ridícula se tornou, quando se verificou, mais uma vez que o PSD era e é um partido sem ideologia, onde se confunde a liberdade de pensamento com o desconchavo doutrinário.
Esta atitude, vinda de alguém como o Sr. Moura, suscita-me a seguinte questão: o exercício político é um acto de razão ou de emoção?
Entendo que deve ser, na sua prática, um exercício da razão, sob pena de se tornar um facciosismo.
A tese central do Dr. Moura, tem subjacente uma realidade mais do que improvável, absolutamente desmentida pelos factos: no PSD, embora estejamos ideologicamente perto do PS, somos diferentes, melhores.
Não fundamenta, não justifica, não demonstra.
Ora, o Dr. Moura é demasiado inteligente para ser faccioso. Julga no entanto que a melhor maneira de agitar a populaça é apelar aos sentimentos mais primários, suscitar nos seus apaniguados e nos seus opositores coisas bem manipuláveis, evitando discutir assim o essencial.
Porque o essencial é de uma pobreza atroz, resultado de um PSD que não soube recuperar no penoso pós-cavaquismo.
O populismo do Dr. Meneses, mais tosco, foi substituído pelo populismo manipulador e mais burilado do Dr. Moura.
Por debaixo do sólido social-democrata Moura continua a existir um cínico, um timoneiro de trazer por casa.
O manipulador sobrevive das reacções dos outros, criatura mal amanhada que vai repetindo os mesmos gestos, espécie de personagem de filmes de ficção-científica de série B.
Temos pena. Anteontem a procriativa funcionalista, ontem o estrangeirado insípido, hoje o manipulador.
Não vou perder mais tempo com o Dr. Moura.
Amanhã esta gente pode estar no poder.
Copenhague, mon amour, here I came.
Note-se que toda a sua capacidade argumentativa nunca conseguiu esconder o rísivel da substância. Que mais ridícula se tornou, quando se verificou, mais uma vez que o PSD era e é um partido sem ideologia, onde se confunde a liberdade de pensamento com o desconchavo doutrinário.
Esta atitude, vinda de alguém como o Sr. Moura, suscita-me a seguinte questão: o exercício político é um acto de razão ou de emoção?
Entendo que deve ser, na sua prática, um exercício da razão, sob pena de se tornar um facciosismo.
A tese central do Dr. Moura, tem subjacente uma realidade mais do que improvável, absolutamente desmentida pelos factos: no PSD, embora estejamos ideologicamente perto do PS, somos diferentes, melhores.
Não fundamenta, não justifica, não demonstra.
Ora, o Dr. Moura é demasiado inteligente para ser faccioso. Julga no entanto que a melhor maneira de agitar a populaça é apelar aos sentimentos mais primários, suscitar nos seus apaniguados e nos seus opositores coisas bem manipuláveis, evitando discutir assim o essencial.
Porque o essencial é de uma pobreza atroz, resultado de um PSD que não soube recuperar no penoso pós-cavaquismo.
O populismo do Dr. Meneses, mais tosco, foi substituído pelo populismo manipulador e mais burilado do Dr. Moura.
Por debaixo do sólido social-democrata Moura continua a existir um cínico, um timoneiro de trazer por casa.
O manipulador sobrevive das reacções dos outros, criatura mal amanhada que vai repetindo os mesmos gestos, espécie de personagem de filmes de ficção-científica de série B.
Temos pena. Anteontem a procriativa funcionalista, ontem o estrangeirado insípido, hoje o manipulador.
Não vou perder mais tempo com o Dr. Moura.
Amanhã esta gente pode estar no poder.
Copenhague, mon amour, here I came.
8/04/2008
AINDA HÁ ESPERANÇA?
O Bloco de Esquerda tem cometido uma série de erros crassos na sua estratégia. Se alguns desses erros não passam para a opinião pública (v.g. a tentativa pouco prudente de ganhar o "seu" espaço na CGTP, que acabou menos mal perante a reacção despropositada e desproporcional do "apparatchik" comunista naquela central) outros são verdadeiras marteladas no seu eleitorado.
A "guerrilha" com Sá Fernandes é uma das maiores marteladas nos próprios pés que o Bloco dá. É estúpida. Com isto o Bloco dá a ideia de ter todos os defeitos dos aparelhos partidários (luta por lugares, constante clima de conspiração, grupelhos), sem apresentar nenhuma vantagem decorrente de uma organicidade mais soft.
Felizmente que uma réstia de bom senso ainda está presente no espírito de alguns bloquistas, como Daniel Oliveira, até porque existe espaço político à esquerda do PS e o PC, por mais que tente, não o consegue ocupar.
A "guerrilha" com Sá Fernandes é uma das maiores marteladas nos próprios pés que o Bloco dá. É estúpida. Com isto o Bloco dá a ideia de ter todos os defeitos dos aparelhos partidários (luta por lugares, constante clima de conspiração, grupelhos), sem apresentar nenhuma vantagem decorrente de uma organicidade mais soft.
Felizmente que uma réstia de bom senso ainda está presente no espírito de alguns bloquistas, como Daniel Oliveira, até porque existe espaço político à esquerda do PS e o PC, por mais que tente, não o consegue ocupar.
7/30/2008
SINAIS INEQUÍVOCOS
Se dúvidas existiam sobre a fraqueza, a inconsistência e a pobreza franciscana da liderança de Manuela Ferreira Leite, elas são completamente esclarecidas pela constante intervenção "explicativa" do insigne doutrinador Prof. Vasco Graça Moura. Aqui.
7/29/2008
CLEPTÓMANOS
Esta notícia promete, se tiver algum fundamento, pôr os senhores doutores aos berros.
Se um empregador der formação profissional altamente especializada a um seu trabalhador, pode, de forma lícita, exigir que o mesmo permaneça na empresa durante um determinado tempo. De igual forma pode exigir que o trabalhador, durante um determinado prazo, mesmo depois de cessado o contrato, que não exerça a sua actividade na concorrência. Para além disso, existe um dever geral de fidelidade entre as partes.
Em Portugal, o exercício da Medicina está fora de todas estas regras.
Repare-se que um médico (profissão altamente especializada) é formado com dinheiro dos contribuintes. Essa formação tem um custo elevado, da qual o formando apenas paga uma ínfima parte.
Terminada essa formação, não só não é formalmente exigido ao médico que recompense quem o formou, como é sistematicamente violado o dever de fidelidade e de não concorrência.
É comum, de forma mais explícita ou mais encapotada, que os médicos reencaminhem, de manhã, doentes nos hospitais públicos, para à tarde os atenderem no privado, onde exercem, com o argumento que o serviço público não responde à procura.
Todos tem direito ao justo vencimento, independentemente dos critérios para se estabelecer o que é justo (oferta/procura, importância social do serviço prestado, etc.).
Só que quem quer ganhar dinheiro e fazer disso profissão, modus vivendi, não vai para médico. Vai para empresário, gestor. Não para médico.
Para além disso, o serviço prestado (medicina) não é propriamente elástico. Quer dizer, a esmagadora maioria das pessoas, não tendo acesso a médico, não vai recorrer a curandeiros.
Este monopólio "natural" precisa de regras.
Para médico só pode ir quem tiver vocação e perceber realmente o que é ser médico.
Sem prejuízo de existirem muitos médicos que são um exemplo cívico, a imagem da classe é hoje a do paradigma típico da ganância, do egoísmo e da completa ausência de ética.
O problema é que a adição e a dependência e outras vicissitudes do foro psiquiátrico são "patologias" de difícil tratamento.
Como por exemplo, a CLEPTOMANIA. Com uma pequena particularidade: o roubo não incide sobre coisas sem valor, mas sobre os bolsos alheios.
Se um empregador der formação profissional altamente especializada a um seu trabalhador, pode, de forma lícita, exigir que o mesmo permaneça na empresa durante um determinado tempo. De igual forma pode exigir que o trabalhador, durante um determinado prazo, mesmo depois de cessado o contrato, que não exerça a sua actividade na concorrência. Para além disso, existe um dever geral de fidelidade entre as partes.
Em Portugal, o exercício da Medicina está fora de todas estas regras.
Repare-se que um médico (profissão altamente especializada) é formado com dinheiro dos contribuintes. Essa formação tem um custo elevado, da qual o formando apenas paga uma ínfima parte.
Terminada essa formação, não só não é formalmente exigido ao médico que recompense quem o formou, como é sistematicamente violado o dever de fidelidade e de não concorrência.
É comum, de forma mais explícita ou mais encapotada, que os médicos reencaminhem, de manhã, doentes nos hospitais públicos, para à tarde os atenderem no privado, onde exercem, com o argumento que o serviço público não responde à procura.
Todos tem direito ao justo vencimento, independentemente dos critérios para se estabelecer o que é justo (oferta/procura, importância social do serviço prestado, etc.).
Só que quem quer ganhar dinheiro e fazer disso profissão, modus vivendi, não vai para médico. Vai para empresário, gestor. Não para médico.
Para além disso, o serviço prestado (medicina) não é propriamente elástico. Quer dizer, a esmagadora maioria das pessoas, não tendo acesso a médico, não vai recorrer a curandeiros.
Este monopólio "natural" precisa de regras.
Para médico só pode ir quem tiver vocação e perceber realmente o que é ser médico.
Sem prejuízo de existirem muitos médicos que são um exemplo cívico, a imagem da classe é hoje a do paradigma típico da ganância, do egoísmo e da completa ausência de ética.
O problema é que a adição e a dependência e outras vicissitudes do foro psiquiátrico são "patologias" de difícil tratamento.
Como por exemplo, a CLEPTOMANIA. Com uma pequena particularidade: o roubo não incide sobre coisas sem valor, mas sobre os bolsos alheios.
7/28/2008
CONFUNDIR CONTENÇÃO COM ARIDEZ
Para muitos dos comentadores (encartados ou não), a nova líder do PSD tem sido uma desilusão.
Ora, sinceramente não percebo porquê.
Basta ler com a devida atenção as crónicas que Manuela Ferreira Leite escreve no Expresso para se perceber que temos ali candidata.
Acontece que o discurso parco de Ferreira Leite confunde os comentadores, habituados ao tango trapalhão de Portas.
Tenho a absoluta convicção que por detrás, por baixo, ou por dentro das frases secas se encontra uma profundidade capaz de envergonhar um catedrático alemão.
Coisas como "O sintoma mais nítido de transição da adolescência para a idade adulta é a necessidade de independência em relação aos pais, é a rejeição a acções protectoras e inibidoras da iniciativa própria."
Ou a magistral definição "Prever significa enunciar o que pode acontecer no futuro."
Não são apenas coisas mais ou menos evidentes, ditas por quem aprendeu, há 40 anos, meia dúzia de ideias num país atrasado e semi-analfabeto.
Nada disso.
Ora, sinceramente não percebo porquê.
Basta ler com a devida atenção as crónicas que Manuela Ferreira Leite escreve no Expresso para se perceber que temos ali candidata.
Acontece que o discurso parco de Ferreira Leite confunde os comentadores, habituados ao tango trapalhão de Portas.
Tenho a absoluta convicção que por detrás, por baixo, ou por dentro das frases secas se encontra uma profundidade capaz de envergonhar um catedrático alemão.
Coisas como "O sintoma mais nítido de transição da adolescência para a idade adulta é a necessidade de independência em relação aos pais, é a rejeição a acções protectoras e inibidoras da iniciativa própria."
Ou a magistral definição "Prever significa enunciar o que pode acontecer no futuro."
Não são apenas coisas mais ou menos evidentes, ditas por quem aprendeu, há 40 anos, meia dúzia de ideias num país atrasado e semi-analfabeto.
Nada disso.
7/25/2008
OLÍVIAS
Esta notícia é apenas a fixação numérica do regabofe.
Como na velha rábula da Olívia Patroa e da Olívia Costureira, de manhã sindicalistas, à tarde deputados ou titulares de cargos políticos.
Não é preciso ser movido por nenhuma sanha persecutória para defender que isto é incompatível, vergonhoso e explica muita coisa.
Somos um país de medíocres, ainda por cima de medíocres petulantes.
Se alguém ingénuo ou tótó abre a boquinha para questionar esta gentinha cheia de si mesma, é logo metido numa caixa hermeticamente fechada e lançado ao mar, no seguimento de um desses almoços, em que se combina, com ar sério e grave, o destino da Nação.
Volta Yeltsin, que estás perdoado.
Como na velha rábula da Olívia Patroa e da Olívia Costureira, de manhã sindicalistas, à tarde deputados ou titulares de cargos políticos.
Não é preciso ser movido por nenhuma sanha persecutória para defender que isto é incompatível, vergonhoso e explica muita coisa.
Somos um país de medíocres, ainda por cima de medíocres petulantes.
Se alguém ingénuo ou tótó abre a boquinha para questionar esta gentinha cheia de si mesma, é logo metido numa caixa hermeticamente fechada e lançado ao mar, no seguimento de um desses almoços, em que se combina, com ar sério e grave, o destino da Nação.
Volta Yeltsin, que estás perdoado.
7/23/2008
CHUMBO - ADITAMENTO
O chefe dos senhores reitores veio justificar-se, dizendo que não tinham sido cometidos crimes e que também noutros organismos da Administração Pública existiam bons e maus.
Um discurso ao nível do melhor dirigismo desportivo.
Muito pedagógico, aliás.
Um discurso ao nível do melhor dirigismo desportivo.
Muito pedagógico, aliás.
BUROCRATAS E GUARDIÕES DO TEMPLO
Estou-me a cagar para o acordo ortográfico.
Eu e 250 milhões de pessoas.
Existem depois meia dúzia de génios que histéricas, gritam umas com as outras. Com tanto histerismo não perceberam que ainda estão dentro das garrafas. Nossa senhora nos livre de alguém, bem intencionado mas incauto, abrir uma rolha que seja.
Parto-lhe logo os cornos, para falar em bom português.
Eu e 250 milhões de pessoas.
Existem depois meia dúzia de génios que histéricas, gritam umas com as outras. Com tanto histerismo não perceberam que ainda estão dentro das garrafas. Nossa senhora nos livre de alguém, bem intencionado mas incauto, abrir uma rolha que seja.
Parto-lhe logo os cornos, para falar em bom português.
CHUMBO
Quando os senhores reitores e respectivo séquito vieram a público reclamar dos alegados cortes orçamentais, muito boa gente apoiou o protesto. Uns por mera guerrilha política, outros porque objectivamente vivem à conta. Esta notícia é o retrato fiel do desperdício, da irresponsabilidade e da incompetência.
No caso das corporações, que ao longo dos anos têm alimentado o status quo vivendo e prosperando à conta, inverte-se o ónus da prova.
TODOS SÃO RESPONSÁVEIS ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO.
No caso das corporações, que ao longo dos anos têm alimentado o status quo vivendo e prosperando à conta, inverte-se o ónus da prova.
TODOS SÃO RESPONSÁVEIS ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO.
7/16/2008
À DERIVA
Esperava, ou melhor, gostava sinceramente que o PS tivesse à sua direita(?) uma oposição minimamente credível. Não espero do PCP ou do BE qualquer contributo. Para além da questão estrutural destes partidos, acresce que o seu objectivo imediato passa apenas e só pela contagem de espingardas, pela disputa taco a taco pelo "povo de esquerda", leia-se à esquerda do PS, composto por um trágico cocktail de preconceito, ingenuidade, autismo e ignorância.
O conclave social-democrata, posto perante o perigo de dissolução do partido, agiu como sempre: de forma timorata e ciente da impossibilidade de resolução a curto prazo da maior parte dos problemas, deliberou, de forma cobarde e irresponsável, nomear Manuela Ferreira Leite, como o rosto do novo PSD. Manuela Ferreira Leite, a política, que não a pessoa entenda-se, é alguém que formou a maioria das suas opiniões, a sua mundividência, com base num país que já não existe, o país do restaurador olex, do respeitinho e de meia dúzia de manuais escolares com cheiro a bafio. Não conseguiu, como aliás muita gente não consegue, perceber o mundo hoje. Não consegue perceber que a Lisboa das senhoras de cabelo armado, de senhores compostos e de cafés chiques, ufana da sua modernidade de Duarte Pacheco, com polícias sinaleiros, já terminou. A procriação é apenas um sintoma.
Se o mau resultado se adivinhava, a sua dimensão trágica está a ultrapassar todos os limites.
Paulo Rangel entrou no ringue, acarinhado por todos, aqueceu frenético, acelerou em ponto morto e antes de sequer atingir o oponente, embrulhou-se nos próprios pés e caiu redondo. Ontem tentava justificar-se, ainda visivelmente combalido, na SIC Notícias.
Manuel Ferreira Leite continua com a mesma coerência de sempre: voltou a dar um belo exemplo sobre o que pensa da vida e da sociedade. Manuela julga que está a dar aulas a um conjunto de miúdos cábulas e ignorantes e neste contexto limita-se a abordar com leveza, um conjunto de ideias que quer que a pequenada aprenda. Ainda não percebeu que as suas ideias estão desfocadas da realidade, essa coisa cruel que está em permanente mudança. Tudo se resume a um sumário fastidioso e entediante. Aquilo que alguns qualificam de parco é apenas e só estéril.
Prova inequívoca disso mesmo é a crónica de hoje de Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias, que tenta transformar o nada de Manuela em algo com a mínima relevância. Nem mesmo Vasco é provido da graça para tal.
Estão todos à deriva.
Cada um com o seu insuflável devidamente preparado para o salvamento, quando o barco se afundar.
O conclave social-democrata, posto perante o perigo de dissolução do partido, agiu como sempre: de forma timorata e ciente da impossibilidade de resolução a curto prazo da maior parte dos problemas, deliberou, de forma cobarde e irresponsável, nomear Manuela Ferreira Leite, como o rosto do novo PSD. Manuela Ferreira Leite, a política, que não a pessoa entenda-se, é alguém que formou a maioria das suas opiniões, a sua mundividência, com base num país que já não existe, o país do restaurador olex, do respeitinho e de meia dúzia de manuais escolares com cheiro a bafio. Não conseguiu, como aliás muita gente não consegue, perceber o mundo hoje. Não consegue perceber que a Lisboa das senhoras de cabelo armado, de senhores compostos e de cafés chiques, ufana da sua modernidade de Duarte Pacheco, com polícias sinaleiros, já terminou. A procriação é apenas um sintoma.
Se o mau resultado se adivinhava, a sua dimensão trágica está a ultrapassar todos os limites.
Paulo Rangel entrou no ringue, acarinhado por todos, aqueceu frenético, acelerou em ponto morto e antes de sequer atingir o oponente, embrulhou-se nos próprios pés e caiu redondo. Ontem tentava justificar-se, ainda visivelmente combalido, na SIC Notícias.
Manuel Ferreira Leite continua com a mesma coerência de sempre: voltou a dar um belo exemplo sobre o que pensa da vida e da sociedade. Manuela julga que está a dar aulas a um conjunto de miúdos cábulas e ignorantes e neste contexto limita-se a abordar com leveza, um conjunto de ideias que quer que a pequenada aprenda. Ainda não percebeu que as suas ideias estão desfocadas da realidade, essa coisa cruel que está em permanente mudança. Tudo se resume a um sumário fastidioso e entediante. Aquilo que alguns qualificam de parco é apenas e só estéril.
Prova inequívoca disso mesmo é a crónica de hoje de Vasco Graça Moura, no Diário de Notícias, que tenta transformar o nada de Manuela em algo com a mínima relevância. Nem mesmo Vasco é provido da graça para tal.
Estão todos à deriva.
Cada um com o seu insuflável devidamente preparado para o salvamento, quando o barco se afundar.
7/03/2008
MARCELOSE
Em trânsito pelo Aeroporto de Barajas ouvi boatos que davam como certo o lúcido e prestimoso deputado Bernardino Soares a liderar as FARC.
Não acredito.
O Dr. Bernardino tem ideias peculiares, mas não é estúpido.
Não acredito.
O Dr. Bernardino tem ideias peculiares, mas não é estúpido.
A CATACUMBA
Vamos por partes. Nunca reconheci à senhora especiais competências, rigor ou credibilidade que a destacassem. Apenas um ar seco de memorizadora de teorias bolorentas.
Estou cada vez mais convencido que a liderança do PSD é como todas, a prazo. No caso com prazo certo. Mais uma vez a intelligentsia do PSD revelou-se cobarde e considerou que apesar das dificuldades de Sócrates, não valia a pena arriscar e queimar o futuro líder. Diz tudo (ou quase tudo) sobre o empenho e a vontade de arriscar dos dirigentes do PSD.
Neste momento o partido é dirigido por um colégio. Na primeira oportunidade cometeram o pecado que momentos antes tinham criticado: o soundbyte em tempo real, o comentário gratuito e vazio. Assim que Ferreira Leite criticou as "obras públicas" os habituais artistas de stand up comedy do PSD apressaram-se a concretizar, cada um fazendo das suas ideias e opiniões teses oficiais do partido: as barragens, o tgv, a estrada entre a Carrapatosa de Baixo e a Piolheira de Cima.
Resultado: Manuela foi para a televisão repetir, com aquele ar enfadado de professora farta da ignorância dos alunos, lugares-comuns e viu-se obrigada a desmentir o seu staff (mesmo os seus putativos membros).
Toda esta mediocridade se tornou no entanto irrelevante porque na única pergunta que saiu fora da cartilha das finanças, Manuela revelou-se.
O grave não foi a resposta. Cada um defende e deve defender livremente aquilo em que acredita. Se a senhora é contra o casamento homossexual está no seu direito e sinceramente não me choca.
O que me espantou e deixou assustado foi o fundamento da resposta. O mesmo fundamento bolorento, caduco e anacrónico de há mais de 40 anos. O mesmo lugar-comum: o casamento foi pensado para a procriação. Pura e simplesmente a demonstração que o pensamento de Ferreira Leite é um gigantesco lugar-comum, árido e estéril.
Valha-nos Deus
Estou cada vez mais convencido que a liderança do PSD é como todas, a prazo. No caso com prazo certo. Mais uma vez a intelligentsia do PSD revelou-se cobarde e considerou que apesar das dificuldades de Sócrates, não valia a pena arriscar e queimar o futuro líder. Diz tudo (ou quase tudo) sobre o empenho e a vontade de arriscar dos dirigentes do PSD.
Neste momento o partido é dirigido por um colégio. Na primeira oportunidade cometeram o pecado que momentos antes tinham criticado: o soundbyte em tempo real, o comentário gratuito e vazio. Assim que Ferreira Leite criticou as "obras públicas" os habituais artistas de stand up comedy do PSD apressaram-se a concretizar, cada um fazendo das suas ideias e opiniões teses oficiais do partido: as barragens, o tgv, a estrada entre a Carrapatosa de Baixo e a Piolheira de Cima.
Resultado: Manuela foi para a televisão repetir, com aquele ar enfadado de professora farta da ignorância dos alunos, lugares-comuns e viu-se obrigada a desmentir o seu staff (mesmo os seus putativos membros).
Toda esta mediocridade se tornou no entanto irrelevante porque na única pergunta que saiu fora da cartilha das finanças, Manuela revelou-se.
O grave não foi a resposta. Cada um defende e deve defender livremente aquilo em que acredita. Se a senhora é contra o casamento homossexual está no seu direito e sinceramente não me choca.
O que me espantou e deixou assustado foi o fundamento da resposta. O mesmo fundamento bolorento, caduco e anacrónico de há mais de 40 anos. O mesmo lugar-comum: o casamento foi pensado para a procriação. Pura e simplesmente a demonstração que o pensamento de Ferreira Leite é um gigantesco lugar-comum, árido e estéril.
Valha-nos Deus
6/26/2008
BICO-DE-OBRA
Sejamos honestos: não se afigura nada fácil a vida da Dr.ª Ferreira Leite no que diz respeito ao capítulo"sou diferente do eng.º Sócrates". Quer dizer, algumas diferenças são notórias, mas irrelevantes.
Acresce que tenho sérias dúvidas sobre a capacidade do thinking tank que rodeia a Dr.ª Ferreira Leite para a interpretar a realidade com o mínimo de bom senso. Muitos deles são co-responsáveis por essa época gloriosa da social-democracia conhecida por barrosismo.
O resultado está à vista. O anúncio da reponderação sobre as obras públicas não só tresanda a demagogia como permitiu que tudo quando é cacique local ou putativo opinion maker viesse a público dar a sua opinião.
A ópera bufa continua.
Acresce que tenho sérias dúvidas sobre a capacidade do thinking tank que rodeia a Dr.ª Ferreira Leite para a interpretar a realidade com o mínimo de bom senso. Muitos deles são co-responsáveis por essa época gloriosa da social-democracia conhecida por barrosismo.
O resultado está à vista. O anúncio da reponderação sobre as obras públicas não só tresanda a demagogia como permitiu que tudo quando é cacique local ou putativo opinion maker viesse a público dar a sua opinião.
A ópera bufa continua.
6/23/2008
MANUELA FERREIRA MENDES PLUS
Não tendo nenhuma angústia existencial profunda, segui de longe o Congresso do PSD.
Tirando esta ressalva, parece-me claro que o dito congresso se limitou a acrescentar mais um traço num já claro desenho.
Vamos por partes.
Luís Marques Mendes foi indigitado para cumprir um papel ingrato. Garantir a sobrevivência do PSD como partido do arco de governação, perante um Sócrates pujante. Digamos que se ninguém o empurrou, também não lhe deram a mão, pelo que acabou por sair, farto das caneladas, tendo sido substituído pelo caneleiro-mor.
Grande parte da inteligentzia do Partido ficou à beira do pânico, perante os sucessivos disparates e o perigo objectivo de o PSD se dissolver.
Reunidas as tropas, a estratégia ficou clara: apesar de Sócrates estar consideravelmente desgastado, ninguém no PSD quis e quer verdadeiramente enfrentá-lo. Porque o PSD é, neste momento, como Mogadíscio: nunca ninguém sabe o que é que pode estar atrás de cada porta ou ao virar de cada esquina. O Partido fragmentou-se, é hoje uma amálgama de capelinhas e de pequenos poderes locais ou sectoriais. Também não deixa de ser verdade que o número de pessoas que podem enfrentar Sócrates é mínimo e que o mais capaz, tendo muitas qualidades políticas, não gosta de perder e ninguém no PSD tem a convicção de que é possível derrotar Sócrates.
Resumindo: era necessário encontrar alguém que dificilmente ganhando a Sócrates, garantisse um resultado "honroso" e mantivesse o partido à tona. Só aí, com Sócrates desgastado, surgirá o verdadeiro líder.
Manuela Ferreira Leite pode desempenhar para alguns, esse papel. Até lá, Rui Rio vai manter-se na sua toca autárquica, de onde sairá de vez enquanto para dizer presente, até ao dia em que vencer Sócrates seja plausível.
A estratégia é inteligente, mas pode vir a revelar-se estúpida.
Manuela Ferreira Leite não é a líder do PSD. É como Marques Mendes, a gestora corrente, até que melhores dias cheguem.
A estratégia de Rio e dos seus pares é repito, inteligente. Mas revela falta de coragem política, o que é mau sinal para um candidato a Primeiro-Ministro.
Correndo ainda o perigo de ver Ferreira Leite chegar a Primeira-Ministra, o que seria irónico, no meio de tanta intriga palaciana.
Tirando esta ressalva, parece-me claro que o dito congresso se limitou a acrescentar mais um traço num já claro desenho.
Vamos por partes.
Luís Marques Mendes foi indigitado para cumprir um papel ingrato. Garantir a sobrevivência do PSD como partido do arco de governação, perante um Sócrates pujante. Digamos que se ninguém o empurrou, também não lhe deram a mão, pelo que acabou por sair, farto das caneladas, tendo sido substituído pelo caneleiro-mor.
Grande parte da inteligentzia do Partido ficou à beira do pânico, perante os sucessivos disparates e o perigo objectivo de o PSD se dissolver.
Reunidas as tropas, a estratégia ficou clara: apesar de Sócrates estar consideravelmente desgastado, ninguém no PSD quis e quer verdadeiramente enfrentá-lo. Porque o PSD é, neste momento, como Mogadíscio: nunca ninguém sabe o que é que pode estar atrás de cada porta ou ao virar de cada esquina. O Partido fragmentou-se, é hoje uma amálgama de capelinhas e de pequenos poderes locais ou sectoriais. Também não deixa de ser verdade que o número de pessoas que podem enfrentar Sócrates é mínimo e que o mais capaz, tendo muitas qualidades políticas, não gosta de perder e ninguém no PSD tem a convicção de que é possível derrotar Sócrates.
Resumindo: era necessário encontrar alguém que dificilmente ganhando a Sócrates, garantisse um resultado "honroso" e mantivesse o partido à tona. Só aí, com Sócrates desgastado, surgirá o verdadeiro líder.
Manuela Ferreira Leite pode desempenhar para alguns, esse papel. Até lá, Rui Rio vai manter-se na sua toca autárquica, de onde sairá de vez enquanto para dizer presente, até ao dia em que vencer Sócrates seja plausível.
A estratégia é inteligente, mas pode vir a revelar-se estúpida.
Manuela Ferreira Leite não é a líder do PSD. É como Marques Mendes, a gestora corrente, até que melhores dias cheguem.
A estratégia de Rio e dos seus pares é repito, inteligente. Mas revela falta de coragem política, o que é mau sinal para um candidato a Primeiro-Ministro.
Correndo ainda o perigo de ver Ferreira Leite chegar a Primeira-Ministra, o que seria irónico, no meio de tanta intriga palaciana.
6/16/2008
O EQUÍVOCO
Este artigo do Prof. Vital Moreira gerou uma série de comentários e artigos conexos.
Sem prejuízo da validade dos mesmos, faz-me muita, mesmo muita confusão o facto de várias pessoas não conseguirem entender aquele que é o núcleo essencial do PS e daí concluírem necessariamente que qualquer entendimento à esquerda é absolutamente impossível.
Apesar de no seu seio existirem alguns tiranetes, poderes comezinhos e de o dito aparelho precisar rapidamente de uma revisão geral para limpar o muito calcário que se foi acumulando, o Partido Socialista é um partido democrático, que acredita na democracia parlamentar.
Donde se conclui que qualquer entendimento com o Partido Comunista Português é impossível, que aliás com muito coerência defende o centralismo democrático.
Por outro lado, o Bloco de Esquerda, não sendo propriamente um partido comunista, não deixa de actuar baseado num pressuposto de superioridade moral que inviabiliza qualquer entendimento de boa-fé. Julgo mesmo que nenhum outro partido (talvez com excepção do PP) tem uma diferença tão acentuada entre o seu núcleo dirigente e as bases. Grande parte dos eleitores do Bloco não se identifica com a tentativa ridícula de take-over sobre os sindicatos da CGTP ou a colagem às reivindicações do funcionalismo público conservador, mas apenas com o ar pseudo-liberal de algumas propostas do Bloco e convenhamos, com a atitude de contra-poder. No dia em que as bases perceberem o que é o Thinking Tank (melhor dizendo o Sinking Tank) do Bloco, a debandada vai deixar o "partido" reduzido aos velhos trotskista e afins.
O facto de ser de esquerda não obriga o PS a olhar para a esquerda como o pastor que chama as ovelhas tresmalhadas ou como o pai embevecido pelas travessuras dos putos. O PS até pode olhar para a esquerda, mas para lá do risco que delimita a sua própria coerência, não vale a pena. De lá nem bons ventos e muito menos bons casamentos.
6/09/2008
SAME OLD STORY II
Os portugueses são (por natureza) inorgânicos, num duplo sentido: somos um bocado calhaus e temos grande dificuldade de nos organizarmos.
Excepto quando surgimos em forma dessa coisa proto-orgânica (e protozoária) chamada A Malta.
Sozinhos não vamos a lado nenhum. Nem sequer saímos de casa. Com a Malta, ou por causa dela, vamos ao café, ao fim da rua ou a pé até Pequim.
Para que a Malta funcione bastam uns quilos de bifanas, umas "mines" e a completa ausência de bom senso.
O resultado é normalmente patético. Por vezes, como no caso dos camionistas, além de patético é ilícito e inclui meia dúzia de crimes (tipo coacção, ofensas à integridade física, atentado à segurança de transporte rodoviário, enfim, minudências) mas nada que não se resolva...dentro do "bom velho espírito portuga".
Excepto quando surgimos em forma dessa coisa proto-orgânica (e protozoária) chamada A Malta.
Sozinhos não vamos a lado nenhum. Nem sequer saímos de casa. Com a Malta, ou por causa dela, vamos ao café, ao fim da rua ou a pé até Pequim.
Para que a Malta funcione bastam uns quilos de bifanas, umas "mines" e a completa ausência de bom senso.
O resultado é normalmente patético. Por vezes, como no caso dos camionistas, além de patético é ilícito e inclui meia dúzia de crimes (tipo coacção, ofensas à integridade física, atentado à segurança de transporte rodoviário, enfim, minudências) mas nada que não se resolva...dentro do "bom velho espírito portuga".
SAME OLD STORY
A questão é muito, mesmo muito simples: porque raio é que todos (os que pagam impostos) devem pagar para manter artificialmente o negócio de uma minoria? Se uma empresa não consegue sobreviver no mercado, o correcto é subsidiá-la?
Podemos discutir a carga fiscal, mas isso não afasta a questão essencial. Quando uma empresa não consegue sobreviver no mercado, não deve ser o contribuinte a pagar a sua sobrevivência fictícia. Devem ser os accionistas ou os sócios.
Curiosamente, quando os custos baixam, tal não tem o correlativo reflexo nos preços...
Podemos discutir a carga fiscal, mas isso não afasta a questão essencial. Quando uma empresa não consegue sobreviver no mercado, não deve ser o contribuinte a pagar a sua sobrevivência fictícia. Devem ser os accionistas ou os sócios.
Curiosamente, quando os custos baixam, tal não tem o correlativo reflexo nos preços...
6/04/2008
ESCRITOS DE ALTER EGO
Goste-se ou não do homem, concorde-se ou não com ele, o «Retrato da Semana» - «Público» de 1 de Junho de 2008, de António Barreto explica. Tudo.
5/16/2008
HAJA ESPERANCINHA
Segundo as notícias de hoje, a Sr.ª Ministra da Saúde pretende resolver num ano as listas de espera de oftalmologia. Para isso conta com a ajuda do Dr. Florindo Esperancinha.
Não há Gato Fedorento ou Bruno Nogueira que cheguem para o humor divino. Quem se lembraria de alguém que se apresenta como Esperancinha, para resolver os problemas das listas de espera?
A mensagem do Dr. Esperancinha é a exacta reprodução de si mesmo. O Dr. Esperancinha tem uma esperancinha de ajudar a resolver o problema das cataratas.
Mas porque é que em vez de esperancinha, que é uma coisa, digamos, dependente de terceiros e da graça divina, não se resolve o problema de vez?
Porque é que em vez de criar modelos mais ou menos engenhosos, modernaços, daqueles que ficam bem em qualquer sessão pública, não se explica às pessoas qual é o principal problema?
Não se pode. Porque se estaria a ser demagogo e a gerar a conflitualidade social, entre médicos e utentes.
Não se pode dizer, como disse o médico no programa de António Barreto e repetiu o oftalmologista espanhol, que o principal problema reside no facto de muitos médicos passarem de manhã, pelo serviço público e trabalharem à tarde no privado.
Violando sistematicamente os deveres a que estão obrigados pelo vínculo à função pública (seja ele qual for);
Cartelizando o mercado;
Quando, pasme-se, a esmagadora maioria do médicos obteve (com mérito certamente) os seus conhecimentos à custa do dinheiro de quem paga impostos, porque o ensino de medicina é um exclusivo público.
Os médicos têm direito a ganhar dinheiro como qualquer outra pessoa.
Não têm no entanto direito a explorar a necessidade e a falta de alternativa dos outros.
Agora que a coisa atingiu níveis inadmissíveis, movem-se no sentido de ajudar a resolver o problema, mas sem pôr em causa o seu status.
Veja-se o que diz o Presidente da Associação de Administradores Hospitalares.
Haja esperancinha, para que dentro de um ano as pessoas possam ver melhor e perceber onde é que chega a iniquidade, a falta de ética e o corporativismo pedante e anacrónico.
Não há Gato Fedorento ou Bruno Nogueira que cheguem para o humor divino. Quem se lembraria de alguém que se apresenta como Esperancinha, para resolver os problemas das listas de espera?
A mensagem do Dr. Esperancinha é a exacta reprodução de si mesmo. O Dr. Esperancinha tem uma esperancinha de ajudar a resolver o problema das cataratas.
Mas porque é que em vez de esperancinha, que é uma coisa, digamos, dependente de terceiros e da graça divina, não se resolve o problema de vez?
Porque é que em vez de criar modelos mais ou menos engenhosos, modernaços, daqueles que ficam bem em qualquer sessão pública, não se explica às pessoas qual é o principal problema?
Não se pode. Porque se estaria a ser demagogo e a gerar a conflitualidade social, entre médicos e utentes.
Não se pode dizer, como disse o médico no programa de António Barreto e repetiu o oftalmologista espanhol, que o principal problema reside no facto de muitos médicos passarem de manhã, pelo serviço público e trabalharem à tarde no privado.
Violando sistematicamente os deveres a que estão obrigados pelo vínculo à função pública (seja ele qual for);
Cartelizando o mercado;
Quando, pasme-se, a esmagadora maioria do médicos obteve (com mérito certamente) os seus conhecimentos à custa do dinheiro de quem paga impostos, porque o ensino de medicina é um exclusivo público.
Os médicos têm direito a ganhar dinheiro como qualquer outra pessoa.
Não têm no entanto direito a explorar a necessidade e a falta de alternativa dos outros.
Agora que a coisa atingiu níveis inadmissíveis, movem-se no sentido de ajudar a resolver o problema, mas sem pôr em causa o seu status.
Veja-se o que diz o Presidente da Associação de Administradores Hospitalares.
Haja esperancinha, para que dentro de um ano as pessoas possam ver melhor e perceber onde é que chega a iniquidade, a falta de ética e o corporativismo pedante e anacrónico.
3/06/2008
A IMENSA MINORIA
A democracia dita participativa tem como uma das regras essenciais a não imposição, pela maioria, de condutas, sem qualquer fundamento, à minoria. Tal manifesta um princípio de prudência e de essencialidade. De prudência porque impor a nossa vontade aos outros é uma decisão que carece de fundamentação racional e de uma ponderação profunda. De essencialidade na medida em que essa imposição só deve surgir nos casos absolutamente necessários e decisivos e não por mero capricho ou devaneio da maioria.
De igual forma, é inaceitável que uma minoria imponha as suas regras à maioria, de forma arbitrária ou que mantenha vantagens sem que elas reflictam uma compensação pelas especiais obrigações ou responsabilidades que assumam.
Ora, no caso dos Professores, é indiscutível que os mesmos são uma minoria, em face dos alunos, dos pais e já agora, da generalidade das pessoas que pagam impostos e que lhes sustentam o estatuto profissional, sem licença (assim mesmo, à boa maneira da burocracia) para emitirem um comentário, uma observação sobre o serviço que lhes é prestado.
Nestas situações a democracia participativa gera um paradoxo, no sentido em que a maioria inorgânica se sujeita aos ditames da minoria organizada.
Este carácter orgânico, permite, desde logo, ampliar a dimensão do grupo e num país onde o exercício de cidadania é praticamente nulo, qualquer manifestação ganha uma relevância bem maior do que a representatividade dos seus elementos.
Aliás, mesmo em democracia, o corporativismo continuou a imperar, como instrumento de imposição da vontade das minorias, perante uma sociedade débil.
Como é impossível exigir de todos os participantes e espectadores uma abordagem séria, serena e racional da questão, e no caso da educação, tal é particularmente difícil dado o monstro burocrático que ao longo dos anos foi construído, o poder político tem dúvidas sobre a repercussão social de uma manifestação minoritária mesmo quando promovida por um grupo enfeudado num estatuto privilegiado (se comparado com a maioria da população) e que não pode ser de todo ilibado do resultado (ou da ausência dele). É a clássica comparticipação criminosa.
É óbvio que tal não determina de imediato a responsabilidade pessoal dos professores. Estes são vítimas e carrascos. Vítimas de um sistema intrincado que transformou os professores nos piores burocratas que conheço. Carrascos porque, por acção ou omissão, não foram capazes de perceber a insustentabilidade do monstro e aquilo que começou com uma resignação, transformou-se em muitos casos em puro autismo.
Não tenho dúvidas que muitos professores têm grandes razões de queixa do Ministério, dos Pais e dos colegas. São exactamente aqueles professores dedicados, que impõem a autoridade necessária com naturalidade, vítimas da inveja e de um sistema que não os recompensa para além do gosto de quem, como resultado do seu trabalho, forma homens e mulheres aptos e em casos mais raros, cidadãos.
Também não tenho dúvidas que do lado do Ministério se cometeram erros e que não se percebeu que a desconstrução do monstro seria um processo doloroso, gerando uma grande contradição, dado que muita gente dentro do Ministério não quer acabar com o sistema montado.
Chegados a este ponto, muitos não querem pura e simplesmente mudar, arriscar, porque lhes foi prometida uma carreira desgastante, mas certinha e sem grandes sobressaltos e arranjam mil e um subterfúgios para justificar tal posição, com uma imaginação e dinamismo que manifestamente não utilizam enquanto docentes.
Formou-se uma espécie de muro, construído de raiva e de medo, cujo objecto só por acaso se chama Maria de Lurdes Rodrigues, que com aquele seu ar anacrónico, exalando sensatez e seriedade, irrita particularmente os professores. Por detrás da Ministra está o verdadeiro objecto de tanta irracionalidade: Pura e simplesmente um espelho que reflecte essa mesma irracionalidade.
Resta ao Poder Político escolher, sem maniqueísmos, o que prefere: a cedência a uma minoria, mesmo que imensa, ou o compromisso com a maioria, mesmo que silenciosa.
De igual forma, é inaceitável que uma minoria imponha as suas regras à maioria, de forma arbitrária ou que mantenha vantagens sem que elas reflictam uma compensação pelas especiais obrigações ou responsabilidades que assumam.
Ora, no caso dos Professores, é indiscutível que os mesmos são uma minoria, em face dos alunos, dos pais e já agora, da generalidade das pessoas que pagam impostos e que lhes sustentam o estatuto profissional, sem licença (assim mesmo, à boa maneira da burocracia) para emitirem um comentário, uma observação sobre o serviço que lhes é prestado.
Nestas situações a democracia participativa gera um paradoxo, no sentido em que a maioria inorgânica se sujeita aos ditames da minoria organizada.
Este carácter orgânico, permite, desde logo, ampliar a dimensão do grupo e num país onde o exercício de cidadania é praticamente nulo, qualquer manifestação ganha uma relevância bem maior do que a representatividade dos seus elementos.
Aliás, mesmo em democracia, o corporativismo continuou a imperar, como instrumento de imposição da vontade das minorias, perante uma sociedade débil.
Como é impossível exigir de todos os participantes e espectadores uma abordagem séria, serena e racional da questão, e no caso da educação, tal é particularmente difícil dado o monstro burocrático que ao longo dos anos foi construído, o poder político tem dúvidas sobre a repercussão social de uma manifestação minoritária mesmo quando promovida por um grupo enfeudado num estatuto privilegiado (se comparado com a maioria da população) e que não pode ser de todo ilibado do resultado (ou da ausência dele). É a clássica comparticipação criminosa.
É óbvio que tal não determina de imediato a responsabilidade pessoal dos professores. Estes são vítimas e carrascos. Vítimas de um sistema intrincado que transformou os professores nos piores burocratas que conheço. Carrascos porque, por acção ou omissão, não foram capazes de perceber a insustentabilidade do monstro e aquilo que começou com uma resignação, transformou-se em muitos casos em puro autismo.
Não tenho dúvidas que muitos professores têm grandes razões de queixa do Ministério, dos Pais e dos colegas. São exactamente aqueles professores dedicados, que impõem a autoridade necessária com naturalidade, vítimas da inveja e de um sistema que não os recompensa para além do gosto de quem, como resultado do seu trabalho, forma homens e mulheres aptos e em casos mais raros, cidadãos.
Também não tenho dúvidas que do lado do Ministério se cometeram erros e que não se percebeu que a desconstrução do monstro seria um processo doloroso, gerando uma grande contradição, dado que muita gente dentro do Ministério não quer acabar com o sistema montado.
Chegados a este ponto, muitos não querem pura e simplesmente mudar, arriscar, porque lhes foi prometida uma carreira desgastante, mas certinha e sem grandes sobressaltos e arranjam mil e um subterfúgios para justificar tal posição, com uma imaginação e dinamismo que manifestamente não utilizam enquanto docentes.
Formou-se uma espécie de muro, construído de raiva e de medo, cujo objecto só por acaso se chama Maria de Lurdes Rodrigues, que com aquele seu ar anacrónico, exalando sensatez e seriedade, irrita particularmente os professores. Por detrás da Ministra está o verdadeiro objecto de tanta irracionalidade: Pura e simplesmente um espelho que reflecte essa mesma irracionalidade.
Resta ao Poder Político escolher, sem maniqueísmos, o que prefere: a cedência a uma minoria, mesmo que imensa, ou o compromisso com a maioria, mesmo que silenciosa.
3/04/2008
EFEITO ZOMBIE
Mesmo em hibernação, certas notícias não deixam de me acordar.
Se dúvidas tivesse sobre a bondade da política da Ministra da Educação, elas dissipar-se-iam com o aparecimento em cena da Dr.ª Ana Benavente, incapaz de ler um certificado de óbito político.
Há criaturas assim. Capazes de fazer erguer mortos das campas e por maioria de razão, resgatar momentaneamente este urso à sua hibernação.
Se dúvidas tivesse sobre a bondade da política da Ministra da Educação, elas dissipar-se-iam com o aparecimento em cena da Dr.ª Ana Benavente, incapaz de ler um certificado de óbito político.
Há criaturas assim. Capazes de fazer erguer mortos das campas e por maioria de razão, resgatar momentaneamente este urso à sua hibernação.
2/15/2008
UMA PAUSA NA HIBERNAÇÃO
Interrompo a minha hibernação, só para dar conta deste indispensável artigo de Leonel Moura.
Está lá tudo. Bem explicado.
Está lá tudo. Bem explicado.
1/18/2008
AINDA EM HIBERNAÇÃO
Estou vivo, mas continuo em hibernação...a ouvir, muito ao longe, o País de faz-de-conta
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