1/24/2004

AS ANEDOTAS DO MASCARENHAS (em DVD, CD e Minidisc)

Caros leitores:

Influenciado por essa invasão de contadores de histórias, de stand up comedy, stand down (it's a) tragedy e afins, resolvi publicar as minhas próprias anedotas. O João Marques que me perdoe a publicidade à borla, mas aqui ficam 3 exemplos das anedotas que poderão encontrar no 1º volume.


ANEDOTA 1

O Governo Civil

Existe em Portugal uma coisa chamada Governo Civil, com o respectivo Governador. E serve para quê? Para representar o Governo nos Distritos. E os Distritos, são o quê? Evidentemente são as circunscrições territoriais que servem para...bem, servem para terem Governos Civis! De resto não servem para mais nada. Quer dizer, se Portugal fosse um País tipo peixe-espada, como por exemplo, o Chile, ainda se podia compreender. Ou se tivessemos uma série de ilhas no meio do oceano, vá lá (e nós temos algumas, mas curiosamente nas ilhas não há governo civil). Agora, nós que somos um país minorca, onde se chega de uma ponta à outra em menos de um dia, onde existem telefones, telemóveis, fax, internet, videoconferência, etc., não se percebe muito bem para que é que existem governos civis. Representam o Governo para quê? Para alguma coisa de concreto? Constróiem estradas? Aeroportos? Então cada Ministério não têm uma direcção regional? Se eu estiver chateado com o Primeiro-Ministro escrevo-lhe uma carta, mando-lhe um sms. Para que raio quero eu o Governador Civil? Antigamente ainda serviam para alguma coisa. Autorizavam (ou não) o foguetório tradicional sempre que havia festa no distrito. E faziam outra coisa importantíssima: licenciavam as máquinas de diversão electrónicas (tipo Pacman). Quero agradecer a benevolência dos senhores que foram titulares do cargo aqui no distrito de Lisboa, pelo facto de terem licenciado, aos longo da minha juventude inúmeras máquinas, desde o pacman até ao pinball. O que seria da minha juventude sem esse licenciamento! Mas actualmente já nem o foguetório autorizam. Não se faz. Ah! E fazem outra coisa. Emitem passaportes. E devem emiti-los mais rapidamente do que a telepizza nos entrega a encomenda, a julgar, por exemplo, pelo Governo Civil de Beja, conhecida rota internacional, que só para passar passaportes tem 14 funcionários. Mas não quero ser injusto. O Governo Civil tem pelo menos uma grande utilidade nos tempos que correm. É que normalmente estão sediados em edifícios do Estado com valor histórico e cultural e enquanto assim for, vender esse património é capaz de se tornar um bocadinho mais difícil. A menos que alguém se lembre de os enfiar num qualquer contentor.

ANEDOTA 2

A GNR

Outra coisa engraçada que nós temos é a GNR. Desde que a GNR foi criada, o País mudou radicalmente. Tornou-se essencialmente urbano. Parece que toda a gente deu por isso menos quem devia ter dado. Do quase nada surgiram coisas como a Amadora, Rio de Mouro, cidades inteiras nasceram à volta do Porto e de Lisboa. Ora a GNR é uma força militarizada. Militarizada? Mas nós estamos em guerra civil? Será que existe algum grupo separatista no activo e ainda não demos por isso? Já imaginaram um GNR a descer a Avenida Ernest Solvay, na sua montada, atrás de um tipo numa CBR 600, a gritar "O senhor está detido!"? Quando ele finaliza a frase já o tipo vai no IC2. Mas será que o Estado não tem respeito pelos seus próprios agentes? (pergunta de retórica, claro) É verdade que a GNR tem uma magnifíca banda de música, mas onde é que se vai arranjar instrumentos para todos os mais de 25.000 agentes?

ANEDOTA 3

A NATO

Quando terminou a 2ª Guerra Mundial e tendo em conta a voracidade desse grande amigo dos oprimidos Josef Estaline, foi criada a Nato. E ainda bem. Senão eu hoje chamar-me-ia Igor Mascarenhenko e não estava aqui a abusar dos doces prazeres da democracia liberal. Só que isso foi há mais de 40 anos. Entretanto caiu o Muro. A União Soviética acabou. O único Bloco de Leste que resta é o da selecção russa de voleibol e acho que é um exagero manter uma aliança militar só para pôr na ordem meia dúzia de atletas, por muito altos e fortes que sejam. Ora se a Nato foi criada para fazer face ao Pacto de Varsóvia e este entretanto desapareceu e a Nato continua, acho que Portugal devia, em nome da seriedade, propor a criação da Nato - AMOCOS (Against Martians and Other Creatures from Outer Space - Contra Marcianos e Outra Bicharada vinda do Espaço), porque é mais provável que sejamos invadidos por marcianos que por soviéticos. E já pensaram no merchandising? Mesmo que tudo não passasse de uma encenação, já imaginaram as naves espaciais em miniatura, tripuladas pelo Capitão Antunes, a defender o Terreiro do Paço da invasão marciana, que seriam vendidas no Natal?

Caros leitores, estes foram alguns exemplos do livro, que pela sucessão de anedotas neste país e neste mundo, promete vir a ter um 2º volume. Com dois tomos, no mínimo.

Sem comentários: