Ilha Fugidia
5/23/2005
5/06/2005
5/03/2005
5/02/2005
PORTUGAL: QUE FUTURO?
Não é preciso ser economista para responder a esta pergunta. O bom senso aconselha aliás que não se seja economista para responder a esta pergunta. O cidadão comum tem um conjunto de ideias mal alinhavadas sobre a realidade e não repara na incongruência das suas próprias ideias, nem sequer as tenta conjugar. O economista, pelo contrário, está preso a uma estrita racionalidade. Se for intelectualmente sério não conseguirá responder a esta pergunta. E nós não queremos estabelecer uma ponte aérea entre as escolas de economia e o Miguel Bombarda.
Depois do “orgulhosamente sós”, passámos a acreditar na tese do desenvolvimento. Reza assim: nós somos mais atrasados que a Suécia, que a Noruega ou mesmo que a Espanha, mas isso não é uma fatalidade. Para lá chegarmos só temos que trabalhar mais e melhor, ser mais competitivos. E lançam-se exemplos: a Irlanda, a Finlândia e não tarda nada a Estónia. Existem tipos, profissionalmente licenciados para tal, que estudam com minúcia de filigrana os exemplos citados e que decretam: temos que fazer assim ou assado, investir nisto e naquilo. Cometem um erro de base e que torna inútil toda a sua dedicação ao estudo desses exemplos. Uma chita será sempre mais rápida do que um boi, por muito peso que o boi perca, por muito aerodinâmico que se torne. Isto não significa que o boi seja inútil. Pelo menos marra melhor.
Isto é, não serve para nada estudar e conhecer minuciosamente a Irlanda ou a Finlândia, porque nós não somos finlandeses nem nunca vamos ser. Vamos ser aquilo que sempre fomos: bois mansarrões.
E no dia em que nós nos tornarmos bois-chita, já a chita ganhou um motor turbocomprimido. No dia em que chegarmos ao nível de desenvolvimento da Noruega, já os Noruegueses chegaram a outro nível. Quando chegarmos à lua, já a Suécia estará em Neptuno.
Ora, do que é que nós gostamos? Gostamos por exemplo, de bater recordes. O maior croquete, o maior pão, a maior taxa de alcoolemia, o maior bigode, etc.. Isto é, em termos de mercado, um produto vendável. Já estou a imaginar hordas de reformados holandeses e alemães a visitarem Barcelos para assistirem à construção do maior galo do Mundo feito com paus de fósforo, para de um palanque na Marginal de Cascais, cumprindo todas as normas de segurança europeias, assistirem, com esgares de espanto, ao fittipaldi que há em todos nós, para presenciarem, incrédulos, de iogurte light nas pouchettes, o XIV Concurso de Comedores de Cozido à Portuguesa.
Só precisamos de estabelecer um mínimo de organização e de método, o que desde que corremos com os judeus se tornou um problema. Mas basta irmos a uma dessas obras públicas que não servem para nada e contratarmos dois ou três ucranianos.
Nós não percebemos absolutamente nada de componentes electrónicos, software ou produção em massa. Não temos qualquer tradição industrial. Os últimos 50 anos foram uma violentação do nosso espírito campestre e rural. A “industrialização” do País criou operários medíocres e contrariados. Nós não somos verdadeiramente bons em quase nada. Somos bons a produzir vinho, chouriços, petiscos e rolhas, que servem para pôr nas garrafas de vinho. Nunca vamos ser competitivos em matérias que não conhecemos e sobre as quais levamos um atraso de décadas.
Por isso, mais vale aceitarmos a nossa natureza e tentarmos melhorá-la, sem a desvirtuarmos.
E fazermos o favor de ser felizes.
Depois do “orgulhosamente sós”, passámos a acreditar na tese do desenvolvimento. Reza assim: nós somos mais atrasados que a Suécia, que a Noruega ou mesmo que a Espanha, mas isso não é uma fatalidade. Para lá chegarmos só temos que trabalhar mais e melhor, ser mais competitivos. E lançam-se exemplos: a Irlanda, a Finlândia e não tarda nada a Estónia. Existem tipos, profissionalmente licenciados para tal, que estudam com minúcia de filigrana os exemplos citados e que decretam: temos que fazer assim ou assado, investir nisto e naquilo. Cometem um erro de base e que torna inútil toda a sua dedicação ao estudo desses exemplos. Uma chita será sempre mais rápida do que um boi, por muito peso que o boi perca, por muito aerodinâmico que se torne. Isto não significa que o boi seja inútil. Pelo menos marra melhor.
Isto é, não serve para nada estudar e conhecer minuciosamente a Irlanda ou a Finlândia, porque nós não somos finlandeses nem nunca vamos ser. Vamos ser aquilo que sempre fomos: bois mansarrões.
E no dia em que nós nos tornarmos bois-chita, já a chita ganhou um motor turbocomprimido. No dia em que chegarmos ao nível de desenvolvimento da Noruega, já os Noruegueses chegaram a outro nível. Quando chegarmos à lua, já a Suécia estará em Neptuno.
Ora, do que é que nós gostamos? Gostamos por exemplo, de bater recordes. O maior croquete, o maior pão, a maior taxa de alcoolemia, o maior bigode, etc.. Isto é, em termos de mercado, um produto vendável. Já estou a imaginar hordas de reformados holandeses e alemães a visitarem Barcelos para assistirem à construção do maior galo do Mundo feito com paus de fósforo, para de um palanque na Marginal de Cascais, cumprindo todas as normas de segurança europeias, assistirem, com esgares de espanto, ao fittipaldi que há em todos nós, para presenciarem, incrédulos, de iogurte light nas pouchettes, o XIV Concurso de Comedores de Cozido à Portuguesa.
Só precisamos de estabelecer um mínimo de organização e de método, o que desde que corremos com os judeus se tornou um problema. Mas basta irmos a uma dessas obras públicas que não servem para nada e contratarmos dois ou três ucranianos.
Nós não percebemos absolutamente nada de componentes electrónicos, software ou produção em massa. Não temos qualquer tradição industrial. Os últimos 50 anos foram uma violentação do nosso espírito campestre e rural. A “industrialização” do País criou operários medíocres e contrariados. Nós não somos verdadeiramente bons em quase nada. Somos bons a produzir vinho, chouriços, petiscos e rolhas, que servem para pôr nas garrafas de vinho. Nunca vamos ser competitivos em matérias que não conhecemos e sobre as quais levamos um atraso de décadas.
Por isso, mais vale aceitarmos a nossa natureza e tentarmos melhorá-la, sem a desvirtuarmos.
E fazermos o favor de ser felizes.
O FLÁVIO E A TÂNIA
Venho hoje falar-vos do Flávio e da Tânia, que podiam ser meus vizinhos. Bem, meus vizinhos exactamente não, porque vivo num prédio que se afasta dos cânones “modernos”. O soalho não é flutuante, não tenho lareira nem jacuzzi.
O Flávio e a Tânia casaram-se há pouco tempo. Conhecem-se desde o liceu. O Flávio era um razoável jogador de bola, mas o insuficiente para fazer disso carreira. A Tânia sonhava em ser psicóloga desde a adolescência e o porquê dessa aspiração era precisamente uma das razões para tirar o curso. O Flávio fez meia dúzia de disciplinas do 10º ano enquanto a Tânia conseguiu tirar o seu curso de psicologia.
O Flávio, perante a impossibilidade de ser jogador de bola, viu-se na iminência de ir trabalhar para a fábrica do Sr. Gonçalves, amigo do pai. Começou por embalar shampoos, mas talvez porque é o que se chama um tipo vivaço ou porque ainda não estava narcotizado pelo cheiro dos detergentes, foi ganhando a confiança do Sr. Gonçalves, entre felicitações pelos golos que deixavam o patrão marcar, nas peladinhas de sábado de manhã, incursões devidamente projectadas ao escritório e “serões” nos dias em que o tipo também ficava. À borla, claro. O Flávio é hoje o responsável pela distribuição dos shampoos, tem um carrinho que lhe foi dado pela empresa e o fato e a gravata, assentam-lhe, apesar de tudo, razoavelmente bem.
A Tânia perdeu todas as ilusões sobre psicologia no 2º ano. Conseguiu arranjar um trabalho de secretária na empresa da mãe, onde com pânico dificilmente contido percebeu toda a sua ignorância, nos primeiros dias de trabalho. Miúda inteligente, compreendeu com a necessária rapidez que a sua progressão na carreira dependia mais do ciclo menstrual da Gaby (a sua cabeleireira, manicure e omnicure de sempre) que de quaisquer manuais de gestão de empresas. Habituou-se ao papel de bibelot eventualmente eficiente e ao suor frio dos clientes confrontados de chofre com a sua depilação exemplar.
Estão na fase do suporta-se razoavelmente. A Tânia suporta razoavelmente a limitação intelectual do Flávio, passado que foi o tempo do encanto com o “Bom Selvagem” e as suas explosões de testosterona às 5 da manhã na 24 de Julho. O Flávio suporta razoavelmente o ar presunçoso da Tânia, passado que foi o tempo da “miúda com estilo”. Hoje o estilo destila-se em zonas onde não se devia destilar.
Têm tudo o que um casal jovem precisa: o jipe, o televisor com o nome acabado em tron, já foram a Porto Galinhas e à República Dominicana, mudam de casa de 3 em 3 anos; Substituíram a avidez dos seus pais por batedoras e fornos eléctricos pela compra desaustinada de hi-fi e jacuzzis, seguindo assim o lento trajecto das aspirações da classe média: da cozinha para a sala e desta para a casa-de-banho.
O mundo começou para eles com o D’Artacão e com o País a caminho do progresso do Prof. Cavaco. Acreditaram piamente nisso, no Natal, no carro novo do pai, nos hipermercados, nos computadores, na Expo. Sentiram-se maravilhosamente com as teorias pedagógicas que tornaram a sua adolescência fresca e carefree. Não ligam a política mas gostam de tipos decididos e com “ideias”. Gostam da democracia liberal no Colombo mas não se importavam com um Estado autoritário sempre que ficam presos na A1. Não compreendem como é que “não se fazem as coisas” quando eles pagam “os impostos”.
Quando o Sr. Pinto Magalhães morrer, o seu filho vai provavelmente vender “o escritório” e a Tânia sente-se preocupada, ponderando, entre dois ferrero rocher, sobre o que é que vai fazer a seguir. O Flávio, mais ignorante e despreocupado, sonha em montar uma loja de tunning, mas está convencido que a “Gonçalves & Ramos” vai durar por muitos e bons anos e que ele vai chegar a braço-direito do Gonçalves, até porque o Gonçalves “tem muito dinheiro”.
Como nunca conheceram outro, acham que este seu mundo é eterno, que em momentos de crise podem não conseguir mudar de carro de 3 em 3 anos, que se calhar vão ter que ficar na mesma casa mais do que 5.
Nunca ninguém lhes explicou que há apenas 40 anos a classe média portuguesa a que pertencem era proporcionalmente menor e que nada prova que a subida de qualidade de vida seja estrutural, pelo contrário, parece ter pequenos pezinhos de barro e que portanto, pode esboroar-se; nunca ninguém lhes explicou que não existem mundos com benefícios e sem custos. No dia em que o Flávio e a Tânia não conseguirem trocar de carro de 3 em 3 anos, nem sequer de 5 em 5, o mundo escurece, o Colombo vai tornar-se odioso e o D’Artacão vai parecer um boneco irritante. Mas é só o princípio.
O Flávio e a Tânia casaram-se há pouco tempo. Conhecem-se desde o liceu. O Flávio era um razoável jogador de bola, mas o insuficiente para fazer disso carreira. A Tânia sonhava em ser psicóloga desde a adolescência e o porquê dessa aspiração era precisamente uma das razões para tirar o curso. O Flávio fez meia dúzia de disciplinas do 10º ano enquanto a Tânia conseguiu tirar o seu curso de psicologia.
O Flávio, perante a impossibilidade de ser jogador de bola, viu-se na iminência de ir trabalhar para a fábrica do Sr. Gonçalves, amigo do pai. Começou por embalar shampoos, mas talvez porque é o que se chama um tipo vivaço ou porque ainda não estava narcotizado pelo cheiro dos detergentes, foi ganhando a confiança do Sr. Gonçalves, entre felicitações pelos golos que deixavam o patrão marcar, nas peladinhas de sábado de manhã, incursões devidamente projectadas ao escritório e “serões” nos dias em que o tipo também ficava. À borla, claro. O Flávio é hoje o responsável pela distribuição dos shampoos, tem um carrinho que lhe foi dado pela empresa e o fato e a gravata, assentam-lhe, apesar de tudo, razoavelmente bem.
A Tânia perdeu todas as ilusões sobre psicologia no 2º ano. Conseguiu arranjar um trabalho de secretária na empresa da mãe, onde com pânico dificilmente contido percebeu toda a sua ignorância, nos primeiros dias de trabalho. Miúda inteligente, compreendeu com a necessária rapidez que a sua progressão na carreira dependia mais do ciclo menstrual da Gaby (a sua cabeleireira, manicure e omnicure de sempre) que de quaisquer manuais de gestão de empresas. Habituou-se ao papel de bibelot eventualmente eficiente e ao suor frio dos clientes confrontados de chofre com a sua depilação exemplar.
Estão na fase do suporta-se razoavelmente. A Tânia suporta razoavelmente a limitação intelectual do Flávio, passado que foi o tempo do encanto com o “Bom Selvagem” e as suas explosões de testosterona às 5 da manhã na 24 de Julho. O Flávio suporta razoavelmente o ar presunçoso da Tânia, passado que foi o tempo da “miúda com estilo”. Hoje o estilo destila-se em zonas onde não se devia destilar.
Têm tudo o que um casal jovem precisa: o jipe, o televisor com o nome acabado em tron, já foram a Porto Galinhas e à República Dominicana, mudam de casa de 3 em 3 anos; Substituíram a avidez dos seus pais por batedoras e fornos eléctricos pela compra desaustinada de hi-fi e jacuzzis, seguindo assim o lento trajecto das aspirações da classe média: da cozinha para a sala e desta para a casa-de-banho.
O mundo começou para eles com o D’Artacão e com o País a caminho do progresso do Prof. Cavaco. Acreditaram piamente nisso, no Natal, no carro novo do pai, nos hipermercados, nos computadores, na Expo. Sentiram-se maravilhosamente com as teorias pedagógicas que tornaram a sua adolescência fresca e carefree. Não ligam a política mas gostam de tipos decididos e com “ideias”. Gostam da democracia liberal no Colombo mas não se importavam com um Estado autoritário sempre que ficam presos na A1. Não compreendem como é que “não se fazem as coisas” quando eles pagam “os impostos”.
Quando o Sr. Pinto Magalhães morrer, o seu filho vai provavelmente vender “o escritório” e a Tânia sente-se preocupada, ponderando, entre dois ferrero rocher, sobre o que é que vai fazer a seguir. O Flávio, mais ignorante e despreocupado, sonha em montar uma loja de tunning, mas está convencido que a “Gonçalves & Ramos” vai durar por muitos e bons anos e que ele vai chegar a braço-direito do Gonçalves, até porque o Gonçalves “tem muito dinheiro”.
Como nunca conheceram outro, acham que este seu mundo é eterno, que em momentos de crise podem não conseguir mudar de carro de 3 em 3 anos, que se calhar vão ter que ficar na mesma casa mais do que 5.
Nunca ninguém lhes explicou que há apenas 40 anos a classe média portuguesa a que pertencem era proporcionalmente menor e que nada prova que a subida de qualidade de vida seja estrutural, pelo contrário, parece ter pequenos pezinhos de barro e que portanto, pode esboroar-se; nunca ninguém lhes explicou que não existem mundos com benefícios e sem custos. No dia em que o Flávio e a Tânia não conseguirem trocar de carro de 3 em 3 anos, nem sequer de 5 em 5, o mundo escurece, o Colombo vai tornar-se odioso e o D’Artacão vai parecer um boneco irritante. Mas é só o princípio.
PARA ACABAR DE VEZ COM O PATRIOTISMO
Uma das ideias mais veiculadas sobre os portugueses é a do seu pretenso patriotismo. Diz-se “Nós somos patriotas” e a suposta solenidade do conteúdo dispensa fundamentação.
Sinceramente não encontro qualquer justificação que sustente esta verdade. Não acho que isso seja necessariamente bom ou mau. Há muito que ultrapassei a velha dogmática tanto da esquerda como da direita. Em abono da verdade, sendo assumidamente de esquerda, nunca me reconheci por completo no catálogo obrigatório dos valores de esquerda. Por isso não acho que o patriotismo seja um valor de esquerda ou de direita.
Agora que nós não somos patriotas é óbvio. Cândidos, assistimos ao désir de retourner des nos emmigrants, como se isso fosse uma manifestação de patriotismo. Não é. O que os emigrantes desejam é voltar para a sua terrinha e construir une belle maison. Não conhecem Portugal. São emigrantes. Saíram directamente da sua aldeola para os subúrbios de Paris. O tipo que mais defendeu a nossa cultura (se quiserem preservou a nossa memória colectiva e a nossa maneira de ser) é filho da Arménia (e não estou a falar de uma velha irritante e desconfiada que ciclicamente me chateia). O nosso patriotismo eclipsa-se à entrada do hipermercado ou de escritórios madrilenos. Esgota-se em lamentos sobre a agricultura portuguesa, à hora do telejornal, enquanto deglutimos umas semillas de nuestros hermanos, ou em compromissos de meia dúzia de incultos engravatados que na sua maior parte cresceram à custa de mercados protegidos ou de uma procura patológica. Não vejo nenhum mal intrínseco em comermos batatas espanholas ou em vendermos fábricas a grandes multinacionais. O que não podemos é gritar pátria de manhã e dizer muchas gracías à tarde.
De facto, nós não somos nada patriotas, também porque temos incutido nos genes essa característica do subdesenvolvimento que é a de copiar todo o que nos “cheira” a evoluído, moderno ou civilizado.
Sinceramente não encontro qualquer justificação que sustente esta verdade. Não acho que isso seja necessariamente bom ou mau. Há muito que ultrapassei a velha dogmática tanto da esquerda como da direita. Em abono da verdade, sendo assumidamente de esquerda, nunca me reconheci por completo no catálogo obrigatório dos valores de esquerda. Por isso não acho que o patriotismo seja um valor de esquerda ou de direita.
Agora que nós não somos patriotas é óbvio. Cândidos, assistimos ao désir de retourner des nos emmigrants, como se isso fosse uma manifestação de patriotismo. Não é. O que os emigrantes desejam é voltar para a sua terrinha e construir une belle maison. Não conhecem Portugal. São emigrantes. Saíram directamente da sua aldeola para os subúrbios de Paris. O tipo que mais defendeu a nossa cultura (se quiserem preservou a nossa memória colectiva e a nossa maneira de ser) é filho da Arménia (e não estou a falar de uma velha irritante e desconfiada que ciclicamente me chateia). O nosso patriotismo eclipsa-se à entrada do hipermercado ou de escritórios madrilenos. Esgota-se em lamentos sobre a agricultura portuguesa, à hora do telejornal, enquanto deglutimos umas semillas de nuestros hermanos, ou em compromissos de meia dúzia de incultos engravatados que na sua maior parte cresceram à custa de mercados protegidos ou de uma procura patológica. Não vejo nenhum mal intrínseco em comermos batatas espanholas ou em vendermos fábricas a grandes multinacionais. O que não podemos é gritar pátria de manhã e dizer muchas gracías à tarde.
De facto, nós não somos nada patriotas, também porque temos incutido nos genes essa característica do subdesenvolvimento que é a de copiar todo o que nos “cheira” a evoluído, moderno ou civilizado.
REGIONALIZAÇÃO
Quando se aborda o tema da Regionalização, é possível agregar as posições em quatro grupos. Os que são contra a ideia e a prática, os que são a favor da ideia mas contra a prática, os que são a favor da ideia e da prática em determinadas condições e aqueles que são favoráveis à ideia e à prática a qualquer preço.
Encontro-me no grupo dos que são a favor da ideia e da prática, desde que estabelecidos certos pressupostos. Ao contrário do que uma análise apressada faria concluir, julgo que é entre este grupo e aquele que suportando a ideia se opõe à prática que devem ser encontrados os consensos necessários para que se avance na matéria. Sobre os que são contra a ideia e a prática não há muito a dizer, porque a sua argumentação é construída sobre pressupostos que roçam o ridículo: a “integridade” do território, a ameaça castelhana, etc.. No campo oposto, o grupo dos que defendem a regionalização a qualquer preço, é, pelos seus próprios arautos, o retrato do pior que nós temos: caciques locais, gente que vive da lógica do “sacar o mais possível a Lisboa”, como se Lisboa tivesse uma árvore das patacas, suportada pela ignorância que mais do que qualquer indicador macroeconómico, caracteriza o nosso subdesenvolvimento.
Defendo a regionalização não como “uma legítima aspiração autonómica” deste ou daquele sítio, mas sim porque é um imperativo para a correcta gestão do território. Nem encontro nenhum fundamento histórico relevante que sustente a regionalização.
Vejamos os contra-argumentos:
a) A unidade do País. O País é uno mas não é uniforme. Qualquer pessoa percebe que a Amadora é muito diferente de Avis, que Faro é diferente de Vila Real. O país é uno mas não é uniforme. Ora, para realidades diferentes, devem executar-se medidas diferentes.
b) A solidariedade. Este argumento defende que a regionalização iria pôr em causa a solidariedade das regiões mais ricas para com as mais pobres. Primeiro, não se percebe o alcance da solidariedade do sistema actual, já que cada vez é maior a diferença entre litoral e interior e entre o urbano e o rural. Segundo, a solidariedade não deve ser um acto de caridade, mas um contributo legalmente quantificado.
c) O crescimento do Estado. Alguns advogam que a criação das estruturas funcionais das regiões iriam aumentar o peso do Estado e o número de funcionários públicos. Ninguém sabe quantas pessoas trabalham na função pública, mas basta reparar nas direcções regionais que existem e deixariam de existir para que este argumento se esfume.
d) O caciquismo. Entendem os “especialistas” na matéria que em vez de aturarmos caciques locais, iríamos passar a aturar caciques regionais. Este é um argumento profundamente cínico. É verdade que em Portugal, os políticos saídos do 25 de Abril estruturam a sua acção na convicção de que a decisão política é livre. É isenta, mas não é livre, no sentido em que deve respeitar a lei, no sentido que um mandato não dá ao seu possuidor a possibilidade de fazer o que bem entende, sem prestar contas a ninguém. Mas o exercício do poder político tem, além do limite da lei, o limite do bom senso. E ao contrário do que se afirma, este é sindicável. Porque em democracia é possível avaliar todos os actos que configurem o seu exercício. Mas ninguém o faz. E ninguém diz, mas toda a gente receia que uma regionalização torne o País num imenso jardim, que lentamente se transformaria em pântano, tomando como exemplo o jardim insular.
Em democracia a liberdade de circulação e de estabelecimento deve corresponder a instrumentos de gestão do território adaptados a essa realidade e não a conceitos feudais.
Como é que se pode gerir um país em que ao Governo central, estratega e planeador, sucede, na pirâmide do Estado, uma autarquia municipal. É possível construir uma estrada em cada concelho, sem ligação à estrada do outro concelho? Como é que é possível gerir um país em que as pessoas circulam livremente mas onde os instrumentos e os poderes públicos não seguem essa circulação, mas regem-se por um mapa do sec.XIX?
Entendo pois que a Regionalização é um instrumento indispensável para o desenvolvimento do país, com regras e com limites. A Reforma político-administrativa passa também por aí. Por um círculo nacional nas Eleições para o Parlamento, por Regiões capazes e legitimadas pelo voto e por uma reorganização das autarquias (Concelhos e Freguesias).
Encontro-me no grupo dos que são a favor da ideia e da prática, desde que estabelecidos certos pressupostos. Ao contrário do que uma análise apressada faria concluir, julgo que é entre este grupo e aquele que suportando a ideia se opõe à prática que devem ser encontrados os consensos necessários para que se avance na matéria. Sobre os que são contra a ideia e a prática não há muito a dizer, porque a sua argumentação é construída sobre pressupostos que roçam o ridículo: a “integridade” do território, a ameaça castelhana, etc.. No campo oposto, o grupo dos que defendem a regionalização a qualquer preço, é, pelos seus próprios arautos, o retrato do pior que nós temos: caciques locais, gente que vive da lógica do “sacar o mais possível a Lisboa”, como se Lisboa tivesse uma árvore das patacas, suportada pela ignorância que mais do que qualquer indicador macroeconómico, caracteriza o nosso subdesenvolvimento.
Defendo a regionalização não como “uma legítima aspiração autonómica” deste ou daquele sítio, mas sim porque é um imperativo para a correcta gestão do território. Nem encontro nenhum fundamento histórico relevante que sustente a regionalização.
Vejamos os contra-argumentos:
a) A unidade do País. O País é uno mas não é uniforme. Qualquer pessoa percebe que a Amadora é muito diferente de Avis, que Faro é diferente de Vila Real. O país é uno mas não é uniforme. Ora, para realidades diferentes, devem executar-se medidas diferentes.
b) A solidariedade. Este argumento defende que a regionalização iria pôr em causa a solidariedade das regiões mais ricas para com as mais pobres. Primeiro, não se percebe o alcance da solidariedade do sistema actual, já que cada vez é maior a diferença entre litoral e interior e entre o urbano e o rural. Segundo, a solidariedade não deve ser um acto de caridade, mas um contributo legalmente quantificado.
c) O crescimento do Estado. Alguns advogam que a criação das estruturas funcionais das regiões iriam aumentar o peso do Estado e o número de funcionários públicos. Ninguém sabe quantas pessoas trabalham na função pública, mas basta reparar nas direcções regionais que existem e deixariam de existir para que este argumento se esfume.
d) O caciquismo. Entendem os “especialistas” na matéria que em vez de aturarmos caciques locais, iríamos passar a aturar caciques regionais. Este é um argumento profundamente cínico. É verdade que em Portugal, os políticos saídos do 25 de Abril estruturam a sua acção na convicção de que a decisão política é livre. É isenta, mas não é livre, no sentido em que deve respeitar a lei, no sentido que um mandato não dá ao seu possuidor a possibilidade de fazer o que bem entende, sem prestar contas a ninguém. Mas o exercício do poder político tem, além do limite da lei, o limite do bom senso. E ao contrário do que se afirma, este é sindicável. Porque em democracia é possível avaliar todos os actos que configurem o seu exercício. Mas ninguém o faz. E ninguém diz, mas toda a gente receia que uma regionalização torne o País num imenso jardim, que lentamente se transformaria em pântano, tomando como exemplo o jardim insular.
Em democracia a liberdade de circulação e de estabelecimento deve corresponder a instrumentos de gestão do território adaptados a essa realidade e não a conceitos feudais.
Como é que se pode gerir um país em que ao Governo central, estratega e planeador, sucede, na pirâmide do Estado, uma autarquia municipal. É possível construir uma estrada em cada concelho, sem ligação à estrada do outro concelho? Como é que é possível gerir um país em que as pessoas circulam livremente mas onde os instrumentos e os poderes públicos não seguem essa circulação, mas regem-se por um mapa do sec.XIX?
Entendo pois que a Regionalização é um instrumento indispensável para o desenvolvimento do país, com regras e com limites. A Reforma político-administrativa passa também por aí. Por um círculo nacional nas Eleições para o Parlamento, por Regiões capazes e legitimadas pelo voto e por uma reorganização das autarquias (Concelhos e Freguesias).
EUROPA
A ideia de uma União Europeia começou por ser uma das mais elevadas aspirações que algum dia uma civilização teve, se pensarmos que a História da Europa é também uma história de conflito, de domínio de uns sobre os outros. Numa posição equidistante do fundamentalismo que apaga o mau e releva o bom e do relativismo sem valores, julgo poder dizer que a Europa é a maior referência civilizacional da Humanidade. Continuo convicto que o Estado Social de Direito é o melhor patamar que alguma vez atingimos.
A Comunidade Europeia pretendeu ser uma garantia de segurança e prosperidade, mas a ideia de união dos povos esteve sempre subjacente e graças a uma geração de políticos que conheceu o período anterior à sua formação e o pode assim comparar ao período de prosperidade económica e social consequente, procurou de uma forma perseverante, ir construindo a União Europeia, na convicção de que os povos que a compõem tem uma matriz cultural que resultou precisamente no Estado Social de Direito e nos valores da democracia liberal.
Naturalmente os líderes foram-se sucedendo e aqueles que hoje decidem não têm termo de comparação, porque são filhos do Estado Social e não pais. Por detrás de uma comunicação elaborada está quase sempre uma ideia básica: nós queremos continuar e melhorar o nosso nível de vida. Não há uma referência ao estilo de vida, no sentido de querermos continuar a matriz europeia de civilização, porque o que conta basicamente é o número de bens que posso adquirir. E deste desejo nasce naturalmente a ideia de que temos que ser competitivos, leia-se, que temos a todo o custo que manter o nível de vida. Nunca se tendo vivido em situações em que o nosso estilo de vida é posto em causa (como o fez a II Guerra Mundial) não se lhe dá valor nem se percebe que o nível de vida pode variar, mas que o estilo que nos caracteriza deve ser mantido a todo o custo. Mesmo quando os princípios que regem o nosso estilo de vida signifiquem que o nível de vida pode baixar, em nome daquilo que nos sustenta enquanto civilização.
Estes novos líderes não olham para os mapas como uma consequência da história, mas como uma oportunidade de manter o tal nível de vida, mesmo que isso signifique sacrificar os princípios, dos quais usufruem, mas que não conhecem verdadeiramente, nem nunca viveram na sua ausência.
A Comunidade Europeia criou uma estrutura burocrática que intima e afinal os próprios cidadãos são também filhos do Estado Social de Direito, que querem sobretudo manter o seu nível de vida. Como já tenho afirmado, os políticos não nascem das árvores, brotam da sociedade e são o seu espelho.
É essa sociedade, essa Europa que vai ter que decidir se quer manter, pelo menos no curto prazo, o seu nível de vida e então vai alargar-se para os rios que ainda não secaram, por mais estranhos que sejam, ou vai ter a coragem de arriscar a manutenção da sua civilização, mesmo que para isso implique sacrifício e perseverança.
A Comunidade Europeia pretendeu ser uma garantia de segurança e prosperidade, mas a ideia de união dos povos esteve sempre subjacente e graças a uma geração de políticos que conheceu o período anterior à sua formação e o pode assim comparar ao período de prosperidade económica e social consequente, procurou de uma forma perseverante, ir construindo a União Europeia, na convicção de que os povos que a compõem tem uma matriz cultural que resultou precisamente no Estado Social de Direito e nos valores da democracia liberal.
Naturalmente os líderes foram-se sucedendo e aqueles que hoje decidem não têm termo de comparação, porque são filhos do Estado Social e não pais. Por detrás de uma comunicação elaborada está quase sempre uma ideia básica: nós queremos continuar e melhorar o nosso nível de vida. Não há uma referência ao estilo de vida, no sentido de querermos continuar a matriz europeia de civilização, porque o que conta basicamente é o número de bens que posso adquirir. E deste desejo nasce naturalmente a ideia de que temos que ser competitivos, leia-se, que temos a todo o custo que manter o nível de vida. Nunca se tendo vivido em situações em que o nosso estilo de vida é posto em causa (como o fez a II Guerra Mundial) não se lhe dá valor nem se percebe que o nível de vida pode variar, mas que o estilo que nos caracteriza deve ser mantido a todo o custo. Mesmo quando os princípios que regem o nosso estilo de vida signifiquem que o nível de vida pode baixar, em nome daquilo que nos sustenta enquanto civilização.
Estes novos líderes não olham para os mapas como uma consequência da história, mas como uma oportunidade de manter o tal nível de vida, mesmo que isso signifique sacrificar os princípios, dos quais usufruem, mas que não conhecem verdadeiramente, nem nunca viveram na sua ausência.
A Comunidade Europeia criou uma estrutura burocrática que intima e afinal os próprios cidadãos são também filhos do Estado Social de Direito, que querem sobretudo manter o seu nível de vida. Como já tenho afirmado, os políticos não nascem das árvores, brotam da sociedade e são o seu espelho.
É essa sociedade, essa Europa que vai ter que decidir se quer manter, pelo menos no curto prazo, o seu nível de vida e então vai alargar-se para os rios que ainda não secaram, por mais estranhos que sejam, ou vai ter a coragem de arriscar a manutenção da sua civilização, mesmo que para isso implique sacrifício e perseverança.
AS QUOTAS
Quando era puto meteram-me na cabeça algumas ideias que verifico serem hoje completamente erradas. Por exemplo, explicaram-me que em democracia devemos escolher os nossos representantes tendo como critério a sua competência e as suas ideias políticas e não pelo facto de serem pretos ou brancos, gordos ou magros, altos ou baixos, homens ou mulheres. Nada mais errado! A democracia contemporânea determina que se leve este conceito ao seu ponto mais radical. O critério deixou de ser a competência ou a inteligência. O essencial é verificarmos que grupo representa o político A, se o grupo supostamente oposto está devidamente representado etc., etc.. As chamadas quotas.
Nesse sentido proponho-me fazer um ligeiro exercício sobre uma hipotética constituição da Assembleia da República eleita segundo estes novos critérios.
Arredondemos o número de deputados para 200, para simplificar as coisas. Desde logo teríamos 99 homens e 101 mulheres. 1 deputado cabo-verdiano. 1 deputado brasileiro. 1 deputado ucraniano. 120 deputados benfiquistas, 40 sportinguistas (como eu) e 30 portistas. 10 deputados desempregados. 14 deputados funcionários públicos (como eu). 18 deputados analfabetos. 5 deputados alcoólicos e 7 bebedores excessivos. 39 deputados que retirem cera dos ouvidos com a unha comprida do dedo mindinho. 22 com disfunção eréctil. 25 que dêem porrada na mulher sem partirem a unha comprida do dedo mindinho. 20 deputados homossexuais. 18 com patologias cardíacas. 44 com caspa. 31 carecas. 170 morenos (como eu), 30 loiros. 40 com pronúncia beirã. 30 com pronúncia alentejana. 37 míopes (como eu). 2 deputados que gostem de lampreia. 13 do tipo “esquerdóide” invejoso. 13 daqueles que dizem “o que fazia falta era outro Salazar”. 7 dos que nunca tendo ido ao Gerês, gabam com frequência a sua beleza natural. 22 dos que afirmam aos amigos no café já terem conhecido intimamente metade das vizinhas. 8 frígidas. 54 dos que tendo um carro de 1000 e poucos cc, insistem em comportar-se como se tivessem um Ferrari. 24 dos que desconhecem a palavra desodorizante. 33 do tipo minorca e atarracado (como eu). 18 magros e com narizes tubarónicos. 92 que já foram a Fátima, 35 que tenham apanhado uma insolação. 65 que já foram à Fatinha, 27 que tenham apanhado uma doença venérea. 44 deputadas que se alimentem a cenoura ralada e a alface, mas profusamente regadas com maionese. 29 deputados exasperados com a montanha de Pantagruel que teima em crescer, onde antes só se via um planície seca e rude desde os tempos da tropa.
Os critérios são inesgotáveis, o que representa uma vantagem, pois permite que se crie uma comissão de sábios para estudar o assunto e um grupo de trabalho constituído por sociólogos, psicólogos, professores e outros quadros qualificados, baixando assim o desemprego.
O Presidente da Assembleia da República seria o tipo (ou a tipa) que conseguisse reunir em si o maior número de critérios.
Seria uma animação! Famílias inteiras a discutir acaloradamente os deputados, zangas entre cunhados, jantares festivos estragados…como antigamente.
E depois o Grande Final, na altura dos digestivos, com uma votação por sms!
Nesse sentido proponho-me fazer um ligeiro exercício sobre uma hipotética constituição da Assembleia da República eleita segundo estes novos critérios.
Arredondemos o número de deputados para 200, para simplificar as coisas. Desde logo teríamos 99 homens e 101 mulheres. 1 deputado cabo-verdiano. 1 deputado brasileiro. 1 deputado ucraniano. 120 deputados benfiquistas, 40 sportinguistas (como eu) e 30 portistas. 10 deputados desempregados. 14 deputados funcionários públicos (como eu). 18 deputados analfabetos. 5 deputados alcoólicos e 7 bebedores excessivos. 39 deputados que retirem cera dos ouvidos com a unha comprida do dedo mindinho. 22 com disfunção eréctil. 25 que dêem porrada na mulher sem partirem a unha comprida do dedo mindinho. 20 deputados homossexuais. 18 com patologias cardíacas. 44 com caspa. 31 carecas. 170 morenos (como eu), 30 loiros. 40 com pronúncia beirã. 30 com pronúncia alentejana. 37 míopes (como eu). 2 deputados que gostem de lampreia. 13 do tipo “esquerdóide” invejoso. 13 daqueles que dizem “o que fazia falta era outro Salazar”. 7 dos que nunca tendo ido ao Gerês, gabam com frequência a sua beleza natural. 22 dos que afirmam aos amigos no café já terem conhecido intimamente metade das vizinhas. 8 frígidas. 54 dos que tendo um carro de 1000 e poucos cc, insistem em comportar-se como se tivessem um Ferrari. 24 dos que desconhecem a palavra desodorizante. 33 do tipo minorca e atarracado (como eu). 18 magros e com narizes tubarónicos. 92 que já foram a Fátima, 35 que tenham apanhado uma insolação. 65 que já foram à Fatinha, 27 que tenham apanhado uma doença venérea. 44 deputadas que se alimentem a cenoura ralada e a alface, mas profusamente regadas com maionese. 29 deputados exasperados com a montanha de Pantagruel que teima em crescer, onde antes só se via um planície seca e rude desde os tempos da tropa.
Os critérios são inesgotáveis, o que representa uma vantagem, pois permite que se crie uma comissão de sábios para estudar o assunto e um grupo de trabalho constituído por sociólogos, psicólogos, professores e outros quadros qualificados, baixando assim o desemprego.
O Presidente da Assembleia da República seria o tipo (ou a tipa) que conseguisse reunir em si o maior número de critérios.
Seria uma animação! Famílias inteiras a discutir acaloradamente os deputados, zangas entre cunhados, jantares festivos estragados…como antigamente.
E depois o Grande Final, na altura dos digestivos, com uma votação por sms!
TSUNAMIS
Para além dos tsunamis que de vez em quando nos rasgam as couraças cibernéticas que construímos sobre nós mesmos, existem outros tsunamis, outras ondas de cores mais garridas.
Tsunamis como Jozef Staline, que na sua fúria de dona-de-casa frígida e ressabiada, limpou 13 milhões. Como Adolf Hitler, hospedeiro da sombra que persiste sempre, mesmo no que é luminoso, que matou 12 milhões. Ou o grande camarada Mao, que entre revoluções culturais e experiências no laboratório vivo que foi a China, exterminou 11 milhões de pessoas.
Estes são exemplos dos tsunamis mais perigosos e letais que qualquer onda, que começam com um simples remoinho na cabeça de criaturas asquerosas e que vão crescendo, exactamente na medida da nossa indiferença e do nosso egoísmo.
Tsunamis como Jozef Staline, que na sua fúria de dona-de-casa frígida e ressabiada, limpou 13 milhões. Como Adolf Hitler, hospedeiro da sombra que persiste sempre, mesmo no que é luminoso, que matou 12 milhões. Ou o grande camarada Mao, que entre revoluções culturais e experiências no laboratório vivo que foi a China, exterminou 11 milhões de pessoas.
Estes são exemplos dos tsunamis mais perigosos e letais que qualquer onda, que começam com um simples remoinho na cabeça de criaturas asquerosas e que vão crescendo, exactamente na medida da nossa indiferença e do nosso egoísmo.
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