6/26/2008

BICO-DE-OBRA

Sejamos honestos: não se afigura nada fácil a vida da Dr.ª Ferreira Leite no que diz respeito ao capítulo"sou diferente do eng.º Sócrates". Quer dizer, algumas diferenças são notórias, mas irrelevantes.

Acresce que tenho sérias dúvidas sobre a capacidade do thinking tank que rodeia a Dr.ª Ferreira Leite para a interpretar a realidade com o mínimo de bom senso. Muitos deles são co-responsáveis por essa época gloriosa da social-democracia conhecida por barrosismo.

O resultado está à vista. O anúncio da reponderação sobre as obras públicas não só tresanda a demagogia como permitiu que tudo quando é cacique local ou putativo opinion maker viesse a público dar a sua opinião.

A ópera bufa continua.

6/23/2008

MANUELA FERREIRA MENDES PLUS

Não tendo nenhuma angústia existencial profunda, segui de longe o Congresso do PSD.

Tirando esta ressalva, parece-me claro que o dito congresso se limitou a acrescentar mais um traço num já claro desenho.

Vamos por partes.

Luís Marques Mendes foi indigitado para cumprir um papel ingrato. Garantir a sobrevivência do PSD como partido do arco de governação, perante um Sócrates pujante. Digamos que se ninguém o empurrou, também não lhe deram a mão, pelo que acabou por sair, farto das caneladas, tendo sido substituído pelo caneleiro-mor.

Grande parte da inteligentzia do Partido ficou à beira do pânico, perante os sucessivos disparates e o perigo objectivo de o PSD se dissolver.

Reunidas as tropas, a estratégia ficou clara: apesar de Sócrates estar consideravelmente desgastado, ninguém no PSD quis e quer verdadeiramente enfrentá-lo. Porque o PSD é, neste momento, como Mogadíscio: nunca ninguém sabe o que é que pode estar atrás de cada porta ou ao virar de cada esquina. O Partido fragmentou-se, é hoje uma amálgama de capelinhas e de pequenos poderes locais ou sectoriais. Também não deixa de ser verdade que o número de pessoas que podem enfrentar Sócrates é mínimo e que o mais capaz, tendo muitas qualidades políticas, não gosta de perder e ninguém no PSD tem a convicção de que é possível derrotar Sócrates.

Resumindo: era necessário encontrar alguém que dificilmente ganhando a Sócrates, garantisse um resultado "honroso" e mantivesse o partido à tona. Só aí, com Sócrates desgastado, surgirá o verdadeiro líder.

Manuela Ferreira Leite pode desempenhar para alguns, esse papel. Até lá, Rui Rio vai manter-se na sua toca autárquica, de onde sairá de vez enquanto para dizer presente, até ao dia em que vencer Sócrates seja plausível.

A estratégia é inteligente, mas pode vir a revelar-se estúpida.

Manuela Ferreira Leite não é a líder do PSD. É como Marques Mendes, a gestora corrente, até que melhores dias cheguem.

A estratégia de Rio e dos seus pares é repito, inteligente. Mas revela falta de coragem política, o que é mau sinal para um candidato a Primeiro-Ministro.

Correndo ainda o perigo de ver Ferreira Leite chegar a Primeira-Ministra, o que seria irónico, no meio de tanta intriga palaciana.

6/16/2008

O EQUÍVOCO

Este artigo do Prof. Vital Moreira gerou uma série de comentários e artigos conexos.
Sem prejuízo da validade dos mesmos, faz-me muita, mesmo muita confusão o facto de várias pessoas não conseguirem entender aquele que é o núcleo essencial do PS e daí concluírem necessariamente que qualquer entendimento à esquerda é absolutamente impossível.
Apesar de no seu seio existirem alguns tiranetes, poderes comezinhos e de o dito aparelho precisar rapidamente de uma revisão geral para limpar o muito calcário que se foi acumulando, o Partido Socialista é um partido democrático, que acredita na democracia parlamentar.
Donde se conclui que qualquer entendimento com o Partido Comunista Português é impossível, que aliás com muito coerência defende o centralismo democrático.
Por outro lado, o Bloco de Esquerda, não sendo propriamente um partido comunista, não deixa de actuar baseado num pressuposto de superioridade moral que inviabiliza qualquer entendimento de boa-fé. Julgo mesmo que nenhum outro partido (talvez com excepção do PP) tem uma diferença tão acentuada entre o seu núcleo dirigente e as bases. Grande parte dos eleitores do Bloco não se identifica com a tentativa ridícula de take-over sobre os sindicatos da CGTP ou a colagem às reivindicações do funcionalismo público conservador, mas apenas com o ar pseudo-liberal de algumas propostas do Bloco e convenhamos, com a atitude de contra-poder. No dia em que as bases perceberem o que é o Thinking Tank (melhor dizendo o Sinking Tank) do Bloco, a debandada vai deixar o "partido" reduzido aos velhos trotskista e afins.
O facto de ser de esquerda não obriga o PS a olhar para a esquerda como o pastor que chama as ovelhas tresmalhadas ou como o pai embevecido pelas travessuras dos putos. O PS até pode olhar para a esquerda, mas para lá do risco que delimita a sua própria coerência, não vale a pena. De lá nem bons ventos e muito menos bons casamentos.

6/09/2008

SAME OLD STORY II

Os portugueses são (por natureza) inorgânicos, num duplo sentido: somos um bocado calhaus e temos grande dificuldade de nos organizarmos.

Excepto quando surgimos em forma dessa coisa proto-orgânica (e protozoária) chamada A Malta.

Sozinhos não vamos a lado nenhum. Nem sequer saímos de casa. Com a Malta, ou por causa dela, vamos ao café, ao fim da rua ou a pé até Pequim.

Para que a Malta funcione bastam uns quilos de bifanas, umas "mines" e a completa ausência de bom senso.

O resultado é normalmente patético. Por vezes, como no caso dos camionistas, além de patético é ilícito e inclui meia dúzia de crimes (tipo coacção, ofensas à integridade física, atentado à segurança de transporte rodoviário, enfim, minudências) mas nada que não se resolva...dentro do "bom velho espírito portuga".

SAME OLD STORY

A questão é muito, mesmo muito simples: porque raio é que todos (os que pagam impostos) devem pagar para manter artificialmente o negócio de uma minoria? Se uma empresa não consegue sobreviver no mercado, o correcto é subsidiá-la?

Podemos discutir a carga fiscal, mas isso não afasta a questão essencial. Quando uma empresa não consegue sobreviver no mercado, não deve ser o contribuinte a pagar a sua sobrevivência fictícia. Devem ser os accionistas ou os sócios.

Curiosamente, quando os custos baixam, tal não tem o correlativo reflexo nos preços...

6/04/2008

ESCRITOS DE ALTER EGO

Goste-se ou não do homem, concorde-se ou não com ele, o «Retrato da Semana» - «Público» de 1 de Junho de 2008, de António Barreto explica. Tudo.

NOVA SECÇÃO: PINTURAS RUPESTRES - VAMOS TROTSKYAR O CAMARADA MAU OU O GRANDE SALTO PARA LADO NENHUM


O REGRESSO

Devagarinho, mas de regresso...