4/30/2007

A SIC abriu o noticiário das 13h com os desacatos antes do Benfica-Sporting de Domingo.

Julgo que não é preciso referir como considero triste um jogo de futebol exigir uma operação policial que envolve mais de 500 polícias. Também não vou entrar em demagogias. Tudo o que tinha que ser dito, já foi.

Parece-me é completamente despropositado e desproporcionado abrir um telejornal com desacatos que se “resumiram” a 2 agentes ligeiramente feridos.

A SIC não consegue transmitir jogos de futebol, o que motivou o lamento público do Dr. Pinto Balsemão.

Como não consegue transmitir os jogos de futebol, a SIC dá destaque ao que de menos positivo acontece à volta de um jogo de futebol.

A SIC já transmitiu jogos de futebol, de forma legítima ou com manigâncias quase risíveis. Nessas alturas, nunca abriu telejornais por causa de ferimentos em dois polícias.

Agora, como não consegue transmitir, dá enfoque ao que objectivamente não deve ter.

Não critico, como é óbvio, o facto da SIC dar notícia dos ditos desacatos. Critico é o facto de lhes dar uma importância desmesurada, porque não consegue ter o jogo em si.

Chama-se a isto deturpar a realidade.

Não é o primeiro sinal.

Durante a campanha do referendo, a SIC passou reportagens de assuntos que não se referiam explicitamente ao aborto (diversas técnicas de procriação medicamente assistida, por exemplo), mas que se reconduzem ao mesmo, numa interpretação simplista que facilmente se induz.

Não cheguei a perceber se era pura falta de ética profissional ou algo bem mais grave e oculto.

Ao menos na RTP eu sei que vão mostrar o Ministro da Agricultura a inaugurar um aviário e que na TVI vou assistir, com todos os pormenores, ao acto tresloucado do Sr. Cardoso, que cansado de ver o cunhado passar-lhe com o tractor por cima das batatas, lhe deu uma valente sachada, deixando mulher viúva e dois filhos órfãos.

Na SIC, a aparência de rigor e a forma dissimulada, quase que me enganam.

Quase…

4/27/2007

Mário Nogueira venceu as eleições para a FENPROF. A escolha de Mário Nogueira revela só por si uma verdade óbvia mas que nós não queremos assumir.

O Professor, enquanto símbolo, enquanto referência social, desapareceu há muito. Em todos nós subsiste, apesar de tudo, a ideia de que o professor é uma criatura dotada de especial bom senso, dotada daquela serenidade que advém de uma permanente e elevada reflexão. Afinal não é. Brota do mesmo rio de todos nós e entretem-se a devorar a piranha do lado até que algum bovino entre no seu território. Logo as piranhas abandonam a mutilação recíproca para morderem o calcanhar do bicho incauto.

Assim, para liderar uma classe que perdeu por completo a auto-estima, que junta armadas de trafalgar por ninharias e dispersa perante aquilo que conta, Mário Nogueira é um operacional do melhor calibre.

Decorre tudo da liberdade de escolha, que é uma coisa tão maravilhosa que permite mesmo escolher quem, objectivamente, não a defende nem acredita num sistema baseado na livre decisão pessoal.

Parabéns.