3/13/2007

SIMPLEX? E QUE TAL TNT?

Acabei de passar quase uma hora ao telefone com a Direcção Geral de Viação. Para tratar de um problema simples: a apreensão de uma máquina industrial. De secção em secção. Conduzido, com a habitual simpatia de carcereiro, por uma telefonista que me passou a identificar como “o senhor da máquina”.

Nas contra-ordenações “que não era com eles, era com a secção de veículos”. Falam connosco como se fosse natural o conhecimento da orgânica da DGV, que por acaso até muda ao sabor do capricho dos sucessivos quadros dirigentes. A Secção de Veículos, perante a minha exposição, sussurrou, quase aterrada “Houston, we’ve got a problem”. Expliquei que não se tratava de uma nave espacial, vinda sei lá de onde, cheia de homenzinhos verdes, impecavelmente depilados, mas de uma máquina industrial. Responderam que não era com eles, era com a Direcção Distrital, em Entrecampos. Que por sua vez não sabia exactamente quem era competente para me ajudar. O mesmo serviço que minutos atrás se mostrou surpreendido por eu não conhecer com exactidão a orgânica da casa, como se a orgânica da DGV estivesse no top tem, a seguir ao Paulo Coelho e aquela moça, margarida pinto, ou pato, ou qualquer coisa levemente zoológica. De novo nos serviços centrais, onde finalmente encontrei uma pessoa de bom senso, essa qualidade raríssima na administração pública portuguesa, que perante o facto de não conseguir resolver o problema, fez aquilo que parecia lógico e sensato. Ficou com o meu contacto, averiguou a situação e minutos depois telefonou-me, indicando-me com precisão o procedimento necessário. Desejo-lhe uma vida feliz. Sinceramente. Que tenha um marido ou uma mulher que a faça feliz. Ou um cão. Ou se não tiver ninguém, pelo menos um pacote de bolachas e um sofá confortável.

Prometo que quando for colocar a carga de TNT a aviso, com a antecedência necessária para limpar pausadamente a sua secretária.