7/26/2007



O caso charrua é apenas um caso tornado público porque na guerrilha “milenar” que os aparelhos (sobretudo do PS e do PSD) uma das partes resolveu lançar mão de um mecanismo pouco utilizado.

Nesta guerra de bolso que nos últimos trinta anos caracterizou a administração pública e lhe minou por completo (entre outras razões) a possibilidade de servir para o objectivo constitucionalmente determinado, o cenário é simples.

De um lado estão os aparelhos locais e distritais do partido dominante. Enchem tudo quando é repartição e departamento dos seus, que fazem a vida negra às tropas do partido da oposição.

O medo dos funcionários públicos que se fala é de dois tipos. Por um lado o medo dos incompetentes que os partidos foram despejando na administração pública. Têm medo que, passando a ser avaliados, sejam politicamente saneados e não apenas prejudicados nos seus cargos e benesses. Por outro lado há o medo de quem, nunca tendo estado sujeito a qualquer avaliação minimamente rigorosa, teme que seja avaliado por um quadro político que o lixe.

Mas o medo é sobretudo desta gente que há anos pulula na administração, com base em nomeações políticas.

Até agora a guerrilha consistia em tabefes nos adversários quando se estava na mó de cima. Da parte passiva, o papel era suportado com galhardia, pois como o sistema é rotativo, o agredido de hoje é o agressor de amanhã. Mas tirando umas escoriações, uns telemóveis retirados e uma ou outra benesse cortada, tudo corria na perfeição.

Não conheço o sr. charrua ou a sr.ª moreira e por isso não posso afirmar que podem ser tipificados como boys.

Claro que o Prof. Charrua (que não dá aulas há 2 décadas) e a Dr.ª Moreira (com aquelas poses da tipa esperta e bem falante que espremida deita duas gotinhas) são óptimos candidatos ao que se chama boys.

É por isso que acho graça a muitos dos que tem comentado esta situação como algo de novo. Como uma claustrofobia. Primeiro porque muitos deles conhecem bem melhor que eu a partidarite e o aparelhismo. Aliás, muitos nomeiam ou nomearam boys.

Porque a única diferença entre esta situação e as milhares que se passam na administração pública é que em vez de uma chapada ou de um carolo, tentou dar-se um pontapé no rabo do visado.

E isso vai contra as regras cénicas em vigor. Podem puxar os cabelos, fazer uma rasteira ou vá lá, puxar uma orelha. Mas não deixar marca.

Esta gente, estes quadros dos partidos que há anos invadem a administração pública, passam por diversos cargos sempre sem qualquer escrutínio sério são um dos cancros do país.

Fazer de um arrufo local entre dois membros dessa confraria assunto nacional, só porque um deles abusou da dose habitual, sem se discutir e relevar que o importante seria limpar de vez a Administração Pública é apenas uma forma retorcida de manter tudo como está.

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