Seixal, 19 de Julho de 2007. Manifestantes à porta de um centro de saúde reagindo ao fecho do SAP. Panfletos, cartazes e bandeirinhas. A senhora que tem de fazer uns tratamentos (deve ser vampira e portanto, só pode fazer os tratamentos a partir da meia-noite) e que não pode deslocar-se à Amora (ou lá perto).
Enfim. Entre a confusão habitual e alguma razão porventura. Tudo dentro do normal. Até que surge a frase fatídica e com direitos de autor: a luta continua, ministro para a rua!
Meus amigos do kolkhoze do Seixalizistão…
Temos de mudar a frase. Disfarçar a coisa. Fazer de conta que acreditamos na democracia parlamentar, nessa coisa burguesa.
E no caso concreto, juntar o útil ao agradável.
Em vez de mandarmos o Sr. Correia de Campos para a rua, porque não mandá-lo para a Lua?
Porque se o mandamos simplesmente para a rua, ele pode voltar a entrar. Com a desculpa que se esqueceu do chapéu-de-chuva ou da agenda. Barrica-se na casa-de-banho e ninguém o tira de lá. O que não é bom para ninguém, pois o homem, com aquele vício do despacho que afecta todos os que chegam a titulares de cargos públicos, começa a despachar nos rolos de papel higiénico. E imaginem, camaradas, o constrangimento dos funcionários do ministério, divididos entre a urgência provocada pela garrafa e meia de vinho verde do almoço e a incomodidade de estar de costas para o Sr. Ministro e ainda por cima com as mãos ocupadas…e o homem a despachar: nomeio o sr. Armindo Antunes, licenciado em engenharia botânica, sub-director adjunto da região sul para a contratação de fornecedores de pensos rápidos tipo e27 ISO40031. E a telefonar a um dos seus assessores:
- Oh Albuquerque, mas quem é este Antunes, pá?
- É sobrinho do primo do tio do rapaz que está no bar da estrutura local…
- E percebe alguma coisa de pensos rápidos?
- Absolutamente nada, Sr. Ministro! Assegurei-me pessoalmente que não percebe nada de pensos. Vai ficar-se pelo trivial. Perfumes carotes e almoçaradas com o cartão de crédito, uma cadeira nova para o gabinete. Avisei-o inclusivamente que o carro não podia ultrapassar os 2.000cc! Damage control, Sr. Ministro, damage control!
- Ainda bem. Podia ter calhado um tipo que percebesse efectivamente da matéria, com vontade de mudar as coisas, de as tornar racionais e lá tínhamos a estrutura local aos pulos…
- Nada disso, Sr. Ministro! Estamos a falar de um funcionário com uma carreira sólida e exemplar! Já passou pela Segurança Social, pelo Instituto de Emprego, pela Educação, sempre com resultados adequados.
- É por isso que eu gosto de si, Albuquerque! Rápido e eficiente! Como os pensos, veja lá a coincidência.
Camaradas. Temos pois de evitar este tipo de situações. Despachar na casa-de-banho não é adequado, mesmo quando estamos a falar de um membro do governo socialista de direita. Porque o homem acaba por ficar no papel de vítima.
Em vez de gritarmos o slogan habitual, vamos passar a gritar: A LUTA CONTINUA, MINISTRO PARA A LUA.
É que o Socras, com aquela mania das novas tecnologias, acaba por aderir à ideia e o ministro vai ser o primeiro português a lá chegar.
Bem pode o governo mandar foguetes e fazer a festa que já ninguém tira o título de primeiro a chegar ao espaço à nossa camarada Laika.
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