Este artigo do Prof. Vital Moreira gerou uma série de comentários e artigos conexos.
Sem prejuízo da validade dos mesmos, faz-me muita, mesmo muita confusão o facto de várias pessoas não conseguirem entender aquele que é o núcleo essencial do PS e daí concluírem necessariamente que qualquer entendimento à esquerda é absolutamente impossível.
Apesar de no seu seio existirem alguns tiranetes, poderes comezinhos e de o dito aparelho precisar rapidamente de uma revisão geral para limpar o muito calcário que se foi acumulando, o Partido Socialista é um partido democrático, que acredita na democracia parlamentar.
Donde se conclui que qualquer entendimento com o Partido Comunista Português é impossível, que aliás com muito coerência defende o centralismo democrático.
Por outro lado, o Bloco de Esquerda, não sendo propriamente um partido comunista, não deixa de actuar baseado num pressuposto de superioridade moral que inviabiliza qualquer entendimento de boa-fé. Julgo mesmo que nenhum outro partido (talvez com excepção do PP) tem uma diferença tão acentuada entre o seu núcleo dirigente e as bases. Grande parte dos eleitores do Bloco não se identifica com a tentativa ridícula de take-over sobre os sindicatos da CGTP ou a colagem às reivindicações do funcionalismo público conservador, mas apenas com o ar pseudo-liberal de algumas propostas do Bloco e convenhamos, com a atitude de contra-poder. No dia em que as bases perceberem o que é o Thinking Tank (melhor dizendo o Sinking Tank) do Bloco, a debandada vai deixar o "partido" reduzido aos velhos trotskista e afins.
O facto de ser de esquerda não obriga o PS a olhar para a esquerda como o pastor que chama as ovelhas tresmalhadas ou como o pai embevecido pelas travessuras dos putos. O PS até pode olhar para a esquerda, mas para lá do risco que delimita a sua própria coerência, não vale a pena. De lá nem bons ventos e muito menos bons casamentos.
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