6/23/2008

MANUELA FERREIRA MENDES PLUS

Não tendo nenhuma angústia existencial profunda, segui de longe o Congresso do PSD.

Tirando esta ressalva, parece-me claro que o dito congresso se limitou a acrescentar mais um traço num já claro desenho.

Vamos por partes.

Luís Marques Mendes foi indigitado para cumprir um papel ingrato. Garantir a sobrevivência do PSD como partido do arco de governação, perante um Sócrates pujante. Digamos que se ninguém o empurrou, também não lhe deram a mão, pelo que acabou por sair, farto das caneladas, tendo sido substituído pelo caneleiro-mor.

Grande parte da inteligentzia do Partido ficou à beira do pânico, perante os sucessivos disparates e o perigo objectivo de o PSD se dissolver.

Reunidas as tropas, a estratégia ficou clara: apesar de Sócrates estar consideravelmente desgastado, ninguém no PSD quis e quer verdadeiramente enfrentá-lo. Porque o PSD é, neste momento, como Mogadíscio: nunca ninguém sabe o que é que pode estar atrás de cada porta ou ao virar de cada esquina. O Partido fragmentou-se, é hoje uma amálgama de capelinhas e de pequenos poderes locais ou sectoriais. Também não deixa de ser verdade que o número de pessoas que podem enfrentar Sócrates é mínimo e que o mais capaz, tendo muitas qualidades políticas, não gosta de perder e ninguém no PSD tem a convicção de que é possível derrotar Sócrates.

Resumindo: era necessário encontrar alguém que dificilmente ganhando a Sócrates, garantisse um resultado "honroso" e mantivesse o partido à tona. Só aí, com Sócrates desgastado, surgirá o verdadeiro líder.

Manuela Ferreira Leite pode desempenhar para alguns, esse papel. Até lá, Rui Rio vai manter-se na sua toca autárquica, de onde sairá de vez enquanto para dizer presente, até ao dia em que vencer Sócrates seja plausível.

A estratégia é inteligente, mas pode vir a revelar-se estúpida.

Manuela Ferreira Leite não é a líder do PSD. É como Marques Mendes, a gestora corrente, até que melhores dias cheguem.

A estratégia de Rio e dos seus pares é repito, inteligente. Mas revela falta de coragem política, o que é mau sinal para um candidato a Primeiro-Ministro.

Correndo ainda o perigo de ver Ferreira Leite chegar a Primeira-Ministra, o que seria irónico, no meio de tanta intriga palaciana.

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