Parece que a nação está um bocado deprimida por causa de medalhas. Longe vão os tempos em que quase todos os produtos que consumíamos tinham estampados nas embalagens uma dezena de medalhas (vencedor da medalha de oiro para o melhor óleo vegetal em Bruxelas 1880, Paris 1900, Londres 1930 etc.), reforçando esse mito português condensado no lema "o que é nacional é bom" - até porque não havia mais nada, com excepção de Badajoz, claro. Mas essa é outra história.
As medalhas de hoje são as olímpicas e "a malta" está não só desiludida como até ressentida com as justificações dos "Atletas".
Ora, vamos lá ver as coisas com calma. Nós somos dos melhores do mundo em quase tudo. Desde que em igualdade de circunstâncias com os outros.
No caso vertente, os outros (digamos, os atletas de todos os outros países) não estão em igualdade de circunstâncias com os nossos atletas. Têm vantagens que nem os melhores genes portugas conseguem ultrapassar. Treinaram. Durante anos a fio treinaram afincadamente. Levantavam-se de manhã (05.00) e davam a volta ao bairro, arrastando o desgraçado do cão. Os atletas tugas, levantavam-se um pouco mais tarde e atravessavam a rua, até ao café do bairro, arrastados pelo cão. Os portugueses são os únicos que estão lá pelo desporto. Os outros são profissionais, levam a coisa a sério.
Veja-se por exemplo aquele rapaz dos lançamentos, o Fortes. Raramente lança seja o que for, além das cascas de tremoços na esplanada do café. Tornou-se lançador por mero acaso. Estava no café e lançou uma casca de tremoço para o outro lado da rua, que acertou num senhor que por acaso tinha um primo que conhecia um senhor amigo de uma dirigente da secção de atletismo do Sporting. O rapaz só anda lá por causa do equipamento, por acaso o mais bonito do mundo. Ou o "atleta" que ficou intimidado ao ver tanta gente no estádio. Percebe-se. Está habituado a ver bancadas pré-fabricadas, onde invariavelmente só estão a mãe, o pai, a avó, o cão e a namorada, a puxar, histéricos, por ele.
Para o atleta tuga, todos os outros são criaturas estranhas e psicóticas.
A única excepção chama-se Vanessa. Treina como os outros, diariamente, durante semanas, meses, anos. Está pois em condições de igualdade.
Por isso, meus caros concidadãos, não há que ficar de monco caído.
Nós somos os melhores. Os outros é que fazem batota.
Treinam.
8/19/2008
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