7/17/2007

INDEPENDÊNCIA

Helena Roseta foi ontem à Sicnotícias representar a rábula da independência e dos “cidadãos”.

Entende que a vida política não se esgota nos partidos e que as pessoas estão fartas do seu modus vivendi.

Reuniu então um grupo de amigos e concorreu à Presidência da Câmara Municipal de Lisboa.

Quem quiser ser objectivo não pode deixar de considerar estas declarações como um péssimo exemplo de democracia e não o contrário, como a arq.ª gosta de afirmar.

Helena Roseta ofereceu-se como candidata pelo Partido Socialista. Estava disponível para ser apoiada pelo aparelho do PS. E logo pelo aparelho da distrital de Lisboa, um dos mais vorazes, caciquistas e predadores (só comparável com o inenarrável PS Porto). Estava disponível para as bandeirinhas empunhadas por reformados das Beiras ou do Minho, para os “debates” cirurgicamente preparados para os media, para oferecer canetas e t-shirts. Desde que a sua cara estivesse nas t-shirts e o seu nome nas canetas.

Só concorreu como independente por causa do indeferimento tácito com que Sócrates a brindou.

Depois, reuniu um “grupo de amigos” e concorreu à maior Câmara do País. Por muito competentes que sejam os amigos da Helena (e alguns deles certamente serão), não se reúne um grupo de pessoas em meia dúzia de semanas, amanha-se um programa, concorre-se à Câmara e depois logo se vê…

A malta, os cidadãos, estão fartos de gente impreparada e incompetente, por melhores que sejam as suas intenções. Gente que está sentada nos cafés e de repente se acha capaz de mudar o mundo. Mesmo que o café seja a “Ler Devagar” ou o self-service do CCB.

A Helena pode ter óptimas ideias para além do discurso esquerdóide do pós-25 de Abril.

Podia até ser melhor candidata que António Costa.

Mas ainda não percebeu que a sua candidatura e a sua existência política padecem dos mesmos males que os partidos.

E um dia perceberá que contribui para o descrédito da vida política tanto ou mais que os partidos políticos.

A Helena Roseta nasceu e cresceu politicamente dentro dos partidos. Nunca foi independente. A única razão que a levou a sair foi o despeito.

A curto prazo, as pessoas aderem ao despeito, porque de alguma forma se sentem despeitadas pelo PS.

A longo prazo, esquecem o despeito, e os heróis do despeito tornam-se oportunistas.

Seria trágico que Helena Roseta acabasse rotulada como alguém oportunista e egocêntrico.

Todas as tragédias são pungentes, mesmo quando circunscritas, patéticas e auto-induzidas.


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